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No Other Land, sobre deslocamento de palestinos, ganha o Oscar de melhor documentário

O filme palestino-israelense No Other Land ganhou o Oscar de Melhor Documentário na cerimônia do Oscar ontem à noite.O filme foi produzido por um coletivo palestino-israelense e segue a história de um ativista palestino que faz amizade com um jornalista israelense para ajudá-lo em sua luta por justiça enquanto sua aldeia em Masafer Yatta sofre ataques israelenses. É a estreia na direção de Basel Adra, Hamdan Ballal, Yuval Abraham e Rachel Szor, que o descreveram como um ato de resistência no caminho para a justiça.

3 de março de 2025, às 14h21

Depois de vencer o o Panorama Audience Award de Melhor Documentário e o Berlinale Documentary Film Award no Festival Internacional de Cinema de Berlim de 2024, o filme No  Other Land, lançado com o título “Sem chão” no Brasil,  sobre décadas de deslocamento da comunidade Masafer Yattam, venceu o Oscar de melhor documentário.

Feito entre 2019 e 2023, o filme demonstra que as ações de limpeza étnica de Israel é contínua e não começou no 7 de outubro. O coletivo palestino-israelense estreante  composto por  Basel Adra, Rachel Szor, Hamdan Ballal e Yuval Abraham dirigiu o filme apoiado pelo Sundance Institute, IDFA Bertha Fund, NFI, Fritt Ord, IMS, Terre Solidaire, Misereor, Entreaide e Fraternité, Broederlijk e Shortcut Oslo. Mas desse grupo, o palestino Basel Adra teve o papel de registrar, por 5 anos, o que ocorria na comunidade.

O receber o prêmio, Basel Adra disse: “Cerca de dois meses atrás, me tornei pai e minha esperança para minha filha é que ela não tenha que viver a mesma vida que eu tenho que viver agora, sempre temendo a violência dos colonos, demolições de casas e deslocamento forçado que minha comunidade, Masafar Yatta, está vivendo e enfrentando todos os dias sob a ocupação israelense.”

O filme “reflete a dura realidade que enfrentamos há décadas e persistimos enquanto pedimos ao mundo que tome medidas sérias para acabar com a injustiça e a limpeza étnica do povo palestino”, disse ele.

Ao palestino,  juntou-se o jornalista israelense   Yuval Abraham, o que tornou o filme um peça de denúncia contra a guerra em curso contra Gaza e, mesmo feito antes, é uma mensagem contra as ameaças de deslocamento e apropriação feitas por Donald Trump.

“ Vivemos em um regime onde sou livre, sob a lei civil, e Basileia está sob leis militares que destroem sua vida e ele (Basel) não pode controlar”, acusou Yuval. Há um caminho diferente, disse ele, pedindo uma solução política sem supremacia étnica e denunciando os EUA: “A política externa neste país está ajudando a bloquear esse caminho. Você não consegue ver que estamos interligados, que meu povo pode estar realmente seguro se o povo de Basileia estiver realmente seguro e livre?”

Do lado de fora do Oscar, o grupo de direitos humanos Code Pink protestava contra a cumplicidade de Hollywood no genocídio em Gaza.

Por seu conteúdo, o filme não conseguiu uma distribuidora nos Estados Unidos e acabou sendo distribuído por orçamento próprio. No Other Land venceu os documentários Black Box Diaries, Porcelain War e Sugarcane.

 

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