O recente plano acordado por países árabes em uma cúpula de emergência conduzida no Cairo para a reconstrução da Faixa de Gaza voltou a dividir as lideranças de Israel e da Palestina ocupada, com a rejeição do lado israelense e apoio do movimento Hamas, que administra o enclave mediterrâneo.
As informações são da agência de notícias Reuters.
Pouco após ser concluída a conferência na capital do Egito, o Ministério de Relações Exteriores de Israel alegou que o plano “falha em abordar as realidades” da situação posta desde outubro de 2023 — afirmação ecoada por Washington.
“O brutal ataque terrorista do Hamas [sic], que deixou milhares de israelenses mortos [sic] e centenas de sequestros [sic], sequer é mencionado; e nem mesmo há qualquer condenação dessa entidade terrorista assassina [sic]”, disse a chancelaria.
O Hamas, de sua parte, declarou apoio à alternativa do Cairo, ao requerer garantias para que sua condução seja bem sucedida e caracterizar o evento como um “passo adiante” no apoio árabe e islâmico à causa palestina.
LEIA: Netanyahu: Estamos “nos preparando para os próximos estágios da guerra”
O grupo instou os líderes árabes a pressionar Israel a se comprometer com o acordo de cessar-fogo, que entrou em vigor em 19 de janeiro, todavia, sob ameaças de Tel Aviv de não dar seguimento à próxima etapa.
“Valorizamos a posição árabe em rejeitar quaisquer tentativas de deslocar nosso povo”, insistiu o Hamas, em referência à proposta de limpeza étnica e transferência à força do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com apoio de Israel.
Os representantes árabes reunidos no Cairo deferiram nesta terça um plano do Egito para reconstruir Gaza, ao custo estimado de US$53 bilhões, sem o deslocamento das comunidades palestinas.
Israel atacou ainda a menção do plano à participação de governança e reconstrução da Autoridade Palestina e da Agência das Nações Unidas para a Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) no processo em Gaza, ao acusar as instituições, constituídas sob acordo internacional, — sem base ou provas — de “apoio ao terrorismo”.
A declaração árabe expressou repúdio também à recente decisão de Israel de paralisar o fluxo de assistência humanitária a Gaza, além de reivindicar o fim das “agressões” de Tel Aviv na Cisjordânia ocupada e reafirmar o papel vital da UNRWA na região.
LEIA: Desistir da resistência armada é inegociável, reafirma Hamas