O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, emitiu uma nova ameaça ao Hamas e aos palestinos de Gaza, ao insistir em “consequências severas” caso os prisioneiros de guerra israelenses no enclave não sejam rendidos imediatamente — sem, no entanto, qualquer contrapartida.
“Shalom, Hamas! Isso quer dizer Adeus e Olá — vocês escolhem! Libertem agora todos os Reféns [sic] — e não depois — e devolvam imediatamente todos os corpos daqueles que vocês assassinaram [sic], ou ACABOU para vocês”, afirmou o presidente extremista em sua rede particular Truth Social.
Trump reafirmou seu apoio a Israel e insistiu que os líderes do grupo nacional palestino não estarão seguros caso não capitulem a suas bravatas. “Estou enviando a Israel tudo que precisam para terminar o trabalho”, reafirmou. “Nenhum membro da Hamas [sic] estará seguro se não fizerem o que eu mando!”
Ao repetir seu “alerta final”, Trump sugeriu aos líderes do Hamas que deixem a Faixa de Gaza “enquanto ainda têm chance”.
Trump, porém, estendeu sua ameaça à população civil de Gaza, ao vincular seu destino à libertação dos prisioneiros de guerra: “Um Futuro maravilhoso os aguarda [sic], mas não se vocês mantiverem os Reféns [sic]. Se fizerem isso, vocês estão MORTOS! Tomem a decisão mais ESPERTA”.
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Trump assinou sua declaração de dolo de eventuais crimes de guerra contra os civis de Gaza, após mais de 15 meses de genocídio de Israel, em caixa alta: “LIBERTEM AGORA OS REFÉNS OU UM INFERNO VAI CAIR SOBRE VOCÊS”.
A postagem de Trump sucede um encontro com oito ex-prisioneiros de guerra soltos de Gaza, sob acordo de cessar-fogo, além de conversas diretas entre Washington e Hamas, inéditas desde 1997.
Gaza vivenciou um breve aumento no volume de insumos humanitários desde janeiro, quando entrou em vigor o frágil acordo de cessar-fogo e troca de prisioneiros. Israel, no entanto, anunciou no domingo (2) a suspensão das remessas a fim de coagir o Hamas a aceitar seus termos para extensão da trégua.
Israel diz desejar estender a primeira fase do cessar-fogo até meados de abril, a fim de resgatar os prisioneiros de guerra ainda em custódia da resistência. Contudo, nega-se a quaisquer garantias para um cessar-fogo permanente.
A primeira fase de seis semanas do acordo, em vigor desde 19 de janeiro, encerrou-se oficialmente à meia-noite de sábado (1º).
Gaza permanece destruída, com 48.400 mortos e dois milhões de desabrigados — em ampla maioria, mulheres e crianças.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.
Em janeiro do último ano, foi a vez do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) — também em Haia, que julga Estados — indiciar Israel pelo crime de genocídio, sob denúncia da África do Sul.
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