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Bandeira palestina no Carnaval do Rio: Onde o samba encontra a solidariedade

12 de março de 2025, às 08h58

Bandeira palestina no Carnaval do Rio [PCO/Divulgação]

O Carnaval brasileiro é um fenômeno global, renomado por seus desfiles, sua música e suas fantasias. Para milhões de foliões, é hora de celebrar a história e riquíssima cultura do Brasil. Mas para além das batidas do samba, repousa uma história mais profunda de expressão política e solidariedade. Nos últimos anos, a bandeira palestina se converteu em um símbolo inesperado, porém poderoso a ser erguido no coração da maior e mais icônica festa brasileira. Este gesto conecta lutas globais por justiça com expressões de júbilo e liberdade em uma das maiores celebrações culturais do mundo.

No sábado, 8 de março, no Desfile das Campeãs do Carnaval carioca de 2025, o Partido da Causa Operária (PCO) reivindicou para si um gesto de solidariedade ao estender um enorme bandeirão palestino nas arquibancadas. O espetáculo seguiu as vencedoras do desfile deste ano, atraindo não apenas a atenção ao festival de cores típico do Carnaval como a sua mensagem de solidariedade.

A dramática exibição no Desfile das Campeãs constitui um esforço de ativistas e grupos pró-Palestina em amplificar sua voz ao público global. Ao ostentar a bandeira naquele instante específico, os ativistas ressaltaram que a luta do povo palestino por liberdade, liberdade e autodeterminação segue viva, bem no meio de uma festa que atrai milhões de entusiastas e espectadores. Embora o foco costume ser a folia, inserir a bandeira da Palestina neste cenário ímpar representa algo a mais: o casamento entre a celebração cultural e o ativismo político.

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A bandeira é mais do que um gesto político: é uma declaração firme sobre o poder em potencial das plataformas culturais e conscientizar o público sobre questões globais. O Carnaval, como espaço de alegria, liberdade e livre expressão, é o cenário perfeito para solidariedade. O contraste entre a atmosfera festiva e a conjuntura crítica representada pela bandeira engendrou um momento verdadeiramente único, ao dar ao público uma oportunidade de se engajar com as realidades do mundo, sem deixar de estar imerso nesta orgulhosa manifestação cultural do Brasil. 

O engajamento político não precisa estar confinado nas ruas ou salões de governo. De fato, pode estar entrelaçado no tecido do dia a dia e do calendário de festas populares, como uma lembrança de que as lutas por justiça não apenas seguem importante, como sempre presentes, mesmo nos momentos de exultação coletiva.

Não é a primeira vez que uma bandeira palestina é estendida no Carnaval do Rio. Uma semana atrás, foi a vez do bloco afrobrasileiro Agytoê, que se tornou com o tempo um dos blocos mais marcantes da cidade. O Agytoê costuma usar sua plataforma para falar das injustiças e da desigualdade. Ao ostentar uma bandeira palestina, o bloco ressaltou seu compromisso sempre atual com a luta dos marginalizados.

Meses antes do Carnaval de 2025, ativistas e núcleos culturais no Brasil se incumbiram de estender bandeiras palestinas em numerosos eventos de destaque em todo o Brasil. No Rio de Janeiro, ativistas cobriram o calçadão de Copacabana e os Arcos da Lapa com bandeiras palestinas. A mensagem, exibida nos cartões-postais da cidade maravilhosa, foi clara e direta, ao mundo todo, de que as ruas do Brasil têm samba e felicidade, mas também são espaços de solidariedade a todos aqueles que sofrem opressão no país ou no exterior.

O Rio de Janeiro, cidade que atrai turistas do mundo inteiro, por todo ano, mostrou-se palco de solidariedade a Gaza e à Palestina, desde a deflagração do genocídio de Israel em outubro de 2023. Manifestações políticas e populares seguiram inabaláveis desde o começo da campanha israelense. As comunidades da cidade se uniram aos protestos, para denunciar as ações do regime de apartheid.

A relação entre Palestina e Brasil não é apenas simbólica. O país tem uma das maiores comunidades árabes do mundo, incluindo uma eloquente comunidade palestina, cujo ativismo garante que as lutas de sua terra não sejam esquecidas. Ao longo dos anos, o Brasil demonstrou um forte compromisso para com a causa palestina, ao reivindicar o fim da ocupação e o apoio aos direitos palestinos por autodeterminação. Este contexto histórico, de fato, criou um cenário único, no qual a bandeira palestina, porventura um detalhe, ascendeu a uma das grandes lembranças deste ano do Carnaval no Rio.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.