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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Combustível sobre o fogo em Jerusalém

Forças israelenses atacam fiéis palestinos na mesquita Al-Aqsa de Jerusalém, em 11 de agosto de 2019 [Faiz Abu Rmeleh/Agência Anadolu]

Israel praticou seu terrorismo organizado contra a cidade de Jerusalém e elevou o nível de crimes e ataques, para impor uma nova realidade que poderia ser o prelúdio para pressionar os moradores a deixarem a Cidade Santa à força. Esses ataques repetidos aos cidadãos, suas terras, suas propriedades, seus meios de subsistência, suas santidades e sua resiliência não param por um minuto.

A política de punição coletiva adotada por Israel e suas campanhas sistemáticas de abuso afetam pessoas, árvores e pedras. Também são feitas dezenas de prisões diariamente em Jerusalém, bem como ataques noturnos que não poupam mulheres ou crianças, expulsão contínua de todos os ativistas e os que estão na mesquita de Al-Aqsa. Israel também demoliu prédios sob o pretexto de falta de permissão, tomou as casas de Jerusalém e suspendeu todas as atividades em Jerusalém e na mesquita de Al-Aqsa.

Os moradores são espancados, agredidos e reprimidos incansavelmente a toda hora e a ocupação não se abstém de usar cassetetes, bombas de gás venenosas, balas de borracha ou bombas sonoras. Eles se gabam de seus crimes, enquanto disparam diretamente contra os jovens em Jerusalém, buscando erradicá-los. Matam ativistas a sangue frio sob falsos pretextos de segurança, para aterrorizar os Jerusalémitas e espalhar o medo em seus corações.

Essa barbárie e as políticas de retaliação da ocupação também afetam as escolas e impedem os alunos de acessá-las. Os estudantes foram aterrorizados e intimidados de maneira que viola todos os tratados e convênios internacionais, que garantem o direito à educação e o acesso seguro das crianças às suas instituições de ensino. As barreiras, restrições à liberdade de movimento e o controle de quem entra na mesquita de Al-Aqsa, demonstram claramente que a ocupação continua seu plano racista e expansionista, com o objetivo de impor a divisão temporal e espacial como fato consumado.

A ocupação se justifica sob o pretexto de “terrorismo” para fechar instituições culturais, sociais e educacionais em Jerusalém. O caso chegou ao nível de proibir qualquer instituição afiliada à Autoridade Palestina (PA) de operar em Jerusalém. Portanto, o povo vê apenas as autoridades de ocupação e não vê a presença de outras partes fazendo seu trabalho. Ocupação é ocupação. Quando vamos acordar e perceber que a ocupação não se diferencia entre nós palestinos? O assunto exige que tenhamos uma posição nacional unida e única, e reunamos nossos esforços para enfrentar a ocupação.

Além disso, muçulmanos e cristãos estão sendo alvejados com armas apontadas para o peito a cada momento. A ocupação quer erradicar nossas posições, suprimir nossas idéias, destruir todos os fatores de firmeza e esvaziar a cidade de seu status nacional e político. Vai desde a expulsão de parlamentares jerusalemitas, até a prisão do xeque Raed Salah e a proibição do presidente da Coalizão Nacional Cristã Palestina, Dimitri Diliani, de entrar na Cidade Velha de Jerusalém.

Líder do ramo norte do movimento islâmico em Israel, Shaikh Raed Salah [Mahfouz Abu Turk/Apaimages]

Essa criminalidade sionista não veio do nada e não foi repentina, é um reflexo da negligência das posições oficiais palestinas representadas nas ações da Autoridade Palestina e seu fracasso em desempenhar um papel responsável e eficaz no que está acontecendo em Jerusalém. É verdade que existem posições de condenação e movimentos locais aqui e ali, mas eles não cumprem o propósito exigido nacionalmente. A Autoridade Palestina manteve reuniões e contato com a ocupação, reprimiu movimentos populares, impediu a resistência de expressar suas opiniões e restringiu sua atividade na Cisjordânia, embora isso disciplinasse a ocupação e permitisse a esta recobrar sanidade após tê-la perdido .

A questão também não refletiu as posições árabe e islâmica, que ficaram na estrutura formal, de conferências, workshops, seminários, reuniões e declarações – nenhuma das quais foi efetivada. As opções árabes também são suficientes para impedir a atual deterioração e impedir Israel de continuar seus crimes, acompanhados da arrogância americana e do viés do governo Trump em favor da ocupação. As ações mais recentes da administração americana motivaram a ocupação, ao transferir sua embaixada para Jerusalém e reconhecer Jerusalém como a capital unificada de Israel.

O presidente Trump até expressou sorgulho de sua posição histórica quando reconheceu Jerusalém como a capital de Israel, em seu discurso perante o Comitê de Assuntos Públicos de Israel (AIPAC), considerando que essa é uma das suas melhores realizações de seu mandato. Isso ocorre apesar dos avisos que ele recebeu de vários presidentes e reis, temendo as reações que varrem o mundo árabe e islâmico.

Esses eventos sucessivos na cidade de Jerusalém, e dentro da Mesquita de Al-Aqsa, são um dos fatores mais importantes que causam tensão nos territórios palestinos e estão impulsionando o redirecionamento da bússola do confronto. A explosão pode ocorrer no coração da mesquita de Al-Aqsa, pois a situação é insuportável e Jerusalém é amada por milhões e, sem ela, o sangue será derramado e a vida será sacrificada. O inimigo não deveenganar-se pela calma atual.

O inimigo deve reconsiderar bem seus cálculos, pois a faísca do confronto e o furacão de uma intifada popular e armada varrerão todas as áreas. As Brigadas Al-Qassam resumiram isso em um tweet que ameaçava a ocupação e prometeu fazer o inimigo pagar. Essa centelha indica que a situação atingiu um novo estágio de escalada, cujo preço o inimigo não poderá suportar, e implorará aos mediadores que resolvam a situação.

Este artigo apareceu pela primeira vez em árabe no Palinfo em 9 de dezembro de 2019

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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