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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Gaza extrai gás de cozinha de detritos animais

Palestinos esperam para encher botijões de gás de cozinha. Os palestinos na Faixa de Gaza vivem continuamente sob a falta de gás e combustíveis [Ashraf Amra/Apaimages]

A princípio, a ideia de extrair gás de cozinha de restos de alimentos e detritos animais parecia bastante improvável a Marwan Abu Muhareb, palestino que vive na aldeia de Wadi As-Salqa, no centro da Faixa de Gaza.

No entanto, um experimento bem-sucedido conduzido pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em Gaza, dentro da pequena fazenda de Abu Muhareb, adjacente à sua casa, transformou o sonho em realidade.

Em julho de 2018, o CICV providenciou um pequeno aparelho para Abu Muhareb, não maior do que dois metros, dividido em inúmeras partes, cujo propósito era transformar os detritos orgânicos em gás de cozinha.

Restos de alimentos e adubos animais foram misturados na parte do aparelho chamada de “digestor”, a qual processa os detritos – sob certas condições – fornecidos pela máquina, a fim de produzir gás de cozinhas e fertilizante orgânico utilizado na agricultura.

Através de um longo tubo, Abu Muhareb conecta o aparelho diretamente ao forno. Ele depende agora fundamentalmente do gás produzido pela máquina.

O fazendeiro palestino enche o aparelho com restos de alimentos e detritos animais todos os dias, de modo que continua a produzir gás de cozinha e fertilizante orgânico.

Todo dia, ele sai à fazenda para coletar os detritos animais e utilizá-los, mais tarde, na produção de gás.

Economia financeira

Abu Muhareb costumava comprar dois cilindros de gás de cozinha por mês, no valor de 120 shekels (cerca de US$ 33.3). Agora compra somente um.

O gás de cozinha produzido pela máquina poupa ao fazendeiro o preço do segundo botijão (cerca de US$ 16.6), ele relatou à Agência Anadolu.

Abu Muhareb descreveu seu aparelho como uma “mudança significativa” que ocorreu recentemente em sua vida. O fazendeiro observou que a máquina não funcionou de forma apropriada no início do experimento; no entanto, após 21 dias, começou a processar gás natural e fertilizante orgânico.

Abu Muhareb limpa o aparelho a cada três meses, e espera 21 dias após cada processo de limpeza para produzir gás de cozinha.

A máquina também fornece a Abu Muhareb, que costumava comprar um litro de fertilizante orgânico por 15 shekels (mais de US$ 4), cerca de dois litros de fertilizante orgânico de graça a cada dois dias.

A tecnologia permite aos fazendeiros de Gaza transformar detritos do dia a dia em gás de cozinha limpo e fertilizante orgânico, ao dar apoio a comunidades vulneráveis com projetos ecológicos e sustentáveis [CICV em Israel e Territórios Ocupados/Twitter]

Qualidade da agricultura

Abu Muhareb olha para suas árvores hoje com enorme satisfação. Seus frutos cresceram com mais substância e sabor mais doce.

“Desde que comecei a utilizar fertilizante orgânico, a qualidade das frutas cultivadas em minha fazenda melhorou significativamente. As frutas aumentaram em tamanho e o sabor é mais doce”, afirma Abu Muhareb.

Ele explica que conduziu o primeiro experimento sobre uma laranjeira, ao suprí-la com um litro de fertilizante orgânico quase todo mês. Como resultado, a qualidade das laranjas melhorou em absoluto contraponto aos anos anteriores.

O fazendeiro também fez uso do fertilizante orgânico para amadurecer tomates de excelente qualidade dentro de sua estufa.

Abu Muhareb depende da agricultura como uma fonte essencial de renda para ele e sua família, sob o contexto de deterioração da economia na Faixa de Gaza.

Projeto experimental

Suheir Zaqout, porta-voz do CICV, relatou à Agência Anadolu que o projeto ainda está em fase experimental até o momento.

Ela destaca: “Apenas dez unidades de produção de gás natural foram importadas e concedidas aos fazendeiros localizados nas áreas de fronteira que possuem animais, em particular aos produtores rurais mais afetados pelo conflito na Faixa de Gaza.”

O aparelho utiliza restos de alimentos e detritos animais para produzir gás natural e fertilizante orgânico, reitera Zaqout. Segundo ela, a máquina é utilizada para solucionar o problema dos resíduos orgânicos e espalhar o hábito de agricultura sustentável em Gaza, ao utilizar fertilizante orgânico.

O aparelho é mantido por “energia solar e reações bacterianas que ocorrem dentro dele”. A tecnologia custa cerca de US$ 700.

Ao conceder estes aparelhos aos fazendeiros locais, o CICV procura alterar seu programa humanitário do mecanismo de distribuição direta para um projeto de assistência duradoura, para fazer a diferença nas vidas dos beneficiários.

Zaqout prossegue: “Como diz o ditado, dê ao pobre um peixe e ele comerá por um dia. Ensine-o a pescar e ele terá um trabalho para alimentá-lo pelo resto da vida.”

O CICV acompanha regularmente os resultados do uso de seus aparelhos. Não obstante, Zaqout desta a satisfação da entidade nestes resultados, os quais, segundo ela, são “bastante animadores”.

Zaqout espera que o projeto seja expandido para alcançar outros grupos na comunidade. Ela faz um apelo às autoridade na Faixa de Gaza e às organizações operantes na região para que criem projetos ecologicamente sustentáveis e contribuírem para solucionar os problemas econômicos enfrentados pela população.

Israel impõe um cerco à população de Gaza, mais de dois milhões de pessoas, desde a vitória do Hamas nas eleições legislativas de janeiro de 2006. No ano seguinte, o estado ocupante apertou as amarras, após o Hamas assumir o poder no território litorâneo, como resultado das disputas, ainda vigentes, com o movimento Fatah.

O índice de pobreza em Gaza superou 80 por cento da população e as taxas de desemprego subiram para cerca de 54 por cento, segundo informações do Comitê Popular contra o Cerco (PCAS, em inglês), organização não-governamental, e do Escritório Central de Estatísticas da Palestina, órgão público do governo palestino.

De acordo com um relatório divulgado pelo Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PMA), em 19 de dezembro de 2018, cerca de 70 por cento dos palestinos de Gaza sofrem hoje com a insegurança alimentar.

 

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