O Federal Bureau of Investigation (FBI) dos Estados Unidos encontrou pilhas de dinheiro, diamantes e um falso passaporte saudita na casa de Jeffrey Epstein, o bilionário americano preso na semana passada por suspeita de traficar menores para sexo.
Em audiência de fiança em um tribunal federal de Nova York, ontem (15), o procurador-assistente Alex Rossmiller revelou que Epstein tinha um cofre trancado cheio de dinheiro e diamantes em sua casa, no Upper East Side da cidade.
O cofre também continha um passaporte saudita vencido com a foto de Epstein, embora com um nome diferente, informou o Vice News.
Como resultado disso – assim como o fato de ser dono de um jato particular, várias mansões e uma ilha particular -, Epstein oferece um sério risco de fuga. Promotores federais dos EUA estão trabalhando agora para garantir que ele seja mantido sob custódia, enquanto aguarda julgamento, em vez de receber fiança e permissão para permanecer em sua mansão de 77 milhões de dólares.
A tentativa dos promotores de negar a fiança de Epstein provavelmente também é motivada pelos termos lenientes de prisão anteriores. Em 2008, Epstein declarou-se culpado por solicitar garotas menores de idade para prostituição, pagando dezenas de jovens de 14 e 15 anos para realizar atos sexuais durante um período de seis anos. Ele então passou 13 meses na cadeia do condado, mas foi autorizado a deixar a prisão seis dias por semana para ir trabalhar.
Esse arranjo foi garantido sob um acordo judicial alcançado pelo então procurador federal da Flórida, Alex Acosta, que posteriormente se tornou secretário do trabalho do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Após a prisão de Epstein, no fim de semana passado, por novas acusações de exploração sexual de garotas menores de idade, Acosta anunciou sua renúncia em meio a críticas ferozes quanto ao tratamento que deu ao caso de 2008.
Desde a prisão de Epstein, a história envolveu várias figuras proeminentes, incluindo o presidente Trump, o ex-presidente dos EUA Bill Clinton, o príncipe Andrew do Reino Unido e o ex-primeiro-ministro israelense, Ehud Barak.
De acordo com uma revelação publicada na semana passada, Barak – que serviu como primeiro-ministro de Israel entre 1999 e 2001 e anunciou recentemente a formação de um novo partido, o Israel Democrático, antes da eleição geral do país em setembro – manteve laços comerciais com Epstein bem recentes.
Barak supostamente montou uma sociedade limitada chamada Sum (E.B.) em 2015, que então investiu na Reporty Homeland Security, uma empresa que fornece tecnologia de geolocalização para os serviços de emergência. Reporty mudou seu nome para Carbyne em 2018. Barak serve como presidente da Carbyne, com seu investimento de vários milhões de dólares na empresa que se acredita ter sido financiada pela Epstein.
As revelações deixaram Barak em choque, particularmente devido à enorme pressão aplicada pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que pediu que seu rival eleitoral fosse “investigado imediatamente” por seus laços com o bilionário americano. No domingo, Barak anunciou que, à luz das acusações feitas contra Epstein, ele havia instruído seus advogados para que interrompessem a parceria.
Escrevendo no Facebook, Barak explicou: “Por quase cinco anos, uma empresa associada à Epstein tem sido uma investidora passiva em uma sociedade limitada, legalmente registrada em Israel e sob meu controle […] Assim que as atuais acusações relacionadas a Epstein se tornaram conhecidas, instruí meus advogados a examinar as opções que temos para expulsar a empresa associada a Epstein dessa parceria. ”
A história, no entanto, não terminou aí. Em uma entrevista publicada ontem, Barak explicou que “o homem que me apresentou a Epstein há cerca de 17 anos foi Shimon Peres”, outro ex-primeiro ministro de Israel. Barak admitiu que, desde então, ele encontrou Epstein “mais de 10 vezes e muito menos que uma centena de vezes, mas não posso dizer exatamente quantas. Eu não fico contando”.
Barak sublinhou, no entanto, que nunca foi a uma festa com ele. “Eu nunca encontrei Epstein na companhia de mulheres ou jovens ”.
À medida que o processo de Epstein continua, o caso e as ligações de Barak com o acusado provavelmente dominam a campanha de Israel. Com o dia das eleições quase exatamente a dois meses de distância, Netanyahu aproveitou a chance para entrar na ofensiva, prejudicando sua própria aparição judicial pendente sob a acusação de suborno, fraude e quebra de confiança, bem como a falta de entusiasmo do público israelense pela guerra deflagrada rumo à segunda eleição do país este ano.