Na noite desta quinta-feira (1°), o regime sírio do Presidente Bashar al-Assad anunciou um cessar-fogo na província de Idlib, após a 13ª rodada dos diálogos de paz sediados em Nur-Sultan – antes, em Astana – no Cazaquistão.
O acordo de cessar-fogo foi alcançado sob condição de que as forças oposicionistas “recuem cerca de 20 quilômetros de distância da linha que demarca a zona de desescalada de Idlib, além de entregar as armas de médio e grande porte.”
Ao falar para repórteres após as negociações, Alexander Lavrentiev, enviado especial da Rússia para a Síria, parabenizou e acolheu a decisão do regime e a trégua em Idlib. O xeique Rami Dosh, Presidente da Assembleia Suprema para Tribos e Clãs Sírios, declarou: “A Síria pertence a todos. Há o suficiente para todos. Organizações separatistas não podem dividir o país.”
Dosh também comentou sobre os crimes cometidos pelas milícias curdas e grupos terroristas, como as Unidades de Proteção Popular (YPG) e a ala síria do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) – que opera de dentro da Turquia e é considerada grupo terrorista pelos Estados Unidos e União Europeia. Segundo Dosh, os curdos na região e na Síria também sofreram nas mãos do YPG. Abdul Hakim Bashar, Vice-Presidente do Conselho Nacional de Sírio-Curdos (ENKS), afirmou que as relações árabe-curdas no país deterioraram como resultado das ações do grupo.
Apesar do anúncio do cessar-fogo, o encontro principal das negociações de paz acontece hoje, com delegações do regime sírio e de grupos de oposição.
As conversas na capital cazaque ocorrem desde janeiro de 2017, com o objetivo de buscar uma solução para o conflito na Síria entre o regime e os diversos grupos de oposição e milícias nacionais. As negociações também pretendem esclarecer os papéis dos agentes externos envolvidos na guerra civil, como Turquia, Rússia e Estados Unidos.
Embora o cessar-fogo tenha sido oficialmente anunciado e reconhecido, há ainda dúvidas sobre a anuência do regime ao acordo, devido à falta de confiabilidade por parte das forças militares. Em outubro de 2018, foi assinado um acordo para tornar a província de Idlib uma zona de desescalada, onde sírios que fugissem da guerra poderiam encontrar abrigo. No entanto, desde então, em particular, o regime sírio – com apoio da Rússia – constantemente rompem o acordo, assim como todo e qualquer cessar-fogo estabelecido.
No início de maio deste ano, o regime sírio e a Rússia deram início a um ataque intensivo por terra e ar contra a província de Idlib, a fim de recapturar o último posto avançado controlado pela oposição. A investida resultou na morte de centenas de civis, destruição de escolas e hospitais e deslocamento de aproximadamente 450.000 sírios de Idlib em direção à Turquia.