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Netanyahu pede a Trump autorização para a anexar a Cisjordânia como ajuda para ganhar a eleição

O presidente dos EUA, Donald Trump (R) aperta a mão do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu quando eles se encontram no Salão Oval da Casa Branca. Em 5 de março de 2018 [Olivier Douliery-Pool/Getty Imagens]

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, está pressionando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a dar autorização para a anexação da Cisjordânia por Israel antes da próxima eleição geral do país.

Autoridades do Gabinete do Primeiro Ministro israelense disseram ao site israelense de língua hebraica do Times,no domingo (11), que Netanyahu está buscando uma declaração pública do presidente Trump em apoio à anexação da “Área C” da Cisjordânia ocupada por Israel, onde a maioria de seus 500 assentamentos ilegais estão localizados.

Netanyahu está pressionando para que o presidente Trump promova tal declaração antes da eleição geral de Israel, em 17 de setembro, em uma tentativa de garantir a vitória de seu partido Likud e, portanto, sua reeleição como primeiro-ministro.

A revelação irritou a Autoridade Palestina (AP) e o porta-voz do presidente Mahmoud Abbas, Nabil Abu Rudeineh, rebateu, chamando o plano de “brincar com fogo”.

“Este passo não estabelecerá nenhum direito [a Israel na Cisjordânia], nem criará uma realidade falsa viável”, enfatizou Abu Rudeineh, acrescentando que qualquer decisão que afete direitos nacionais palestinos e viole resoluções internacionais será considerada “ilegítima”.

Por seu lado, a Casa Branca recusou-se a comentar as alegações.

A especulação de que os EUA podem dar sinal verde à anexação de toda ou de parte da Cisjordânia por Israel tem sido abundante desde que o presidente Trump assumiu o cargo em janeiro de 2017.

No decorrer de sua presidência, Trump rasgou o livro de conduta sobre Israel-Palestina, reconhecendo Jerusalém como a capital de Israel em dezembro de 2017, transferindo a embaixada dos EUA de Tel Aviv para a Cidade Santa em maio de 2018 e reconhecendo a soberania de Israel sobre as colinas sírias ocupadas em março 2019

 

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na cerimônia que dedicou um assentamento israelense ao presidente dos EUA, Donald Trump, nas Colinas de Golan. Em 16 de junho de 2019 [USAmbIsrael/Twitter]

Embora até agora Trump tenha parado de manifestar seu apoio à anexação, altos funcionários abriram caminho para o esperado anúncio, mais notadamente o Representante Especial para as Negociações Internacionais, Jason Greenblatt.

No mês passado, Greenblatt afirmou que a Cisjordânia ocupada é “disputada”, argumentando que “chamá-la de território ocupado não ajuda a resolver o conflito”. Ele já havia argumentado anteriormente que os assentamentos ilegais de Israel deveriam ser referidos como “bairros e cidades”, dizendo que o termo “assentamentos” é “pejorativo”.

Greenblatt também endossou os comentários do embaixador dos EUA em Israel, David Friedman, de que “sob certas circunstâncias, acho que Israel tem o direito de reter parte, embora não toda Cisjordânia”. Greenblatt apoiou a posição de Friedman dizendo: “Vou deixar os comentários de David valerem por si mesmos. Acho que ele as disse elegantemente e apoio seus comentários.”

Domesticamente, em Israel, o momento da proposta de Netanyahu não é coincidência. Muito parecido com o reconhecimento do Presidente dos EUA da “soberania” israelense nas Colinas de Golan pouco antes da eleição do país em abril, se o último anúncio for adiante, será visto como um “presente” à campanha de reeleição de Netanyahu.

Também dará a Netanyahu a oportunidade de cumprir sua promessa anterior de anexar a Área C, caso se eleja primeiro-ministro. A promessa eleitoral de Netanyahu antes de abril era vista como uma tentativa de “canibalizar” partidos de direita menores, que usaram a anexação como seu único ponto de plataforma e, portanto, apoio seguro para seu partido Likud. A sua estratégia foi bem sucedida, com o Likud obtendo 35 lugares e os rivais de longa data, Naftali Bennett e Ayelet Shaked, não conseguindo ultrapassar o limiar eleitoral mínimo.

No entanto, a estratégia de Netanyahu saiu pela culatra quando em maio ele não conseguiu formar uma coalizão governante e foi posteriormente forçado a convocar eleições para o governo em setembro. Com as últimas pesquisas mostrando mais uma vez que Netanyahu poderia lutar para formar um governo e que o novo partido de Shaked, Yemina – conhecido anteriormente como United Right – poderia ganhar até 11 assentos, um anúncio do presidente Trump poderia reforçar a campanha de que Netanyahu “Faz as coisas” e, assim, salvar seu lance de reeleição.

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