Neste domingo (1°), o Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu declarou que seu país está pronto para qualquer cenário após um confronto na fronteira com o grupo libanês Hezbollah. Entretanto, nenhum dos lados parece desejar outro conflito. As informações são da agência Reuters.O Exército de Israel afirmou que mísseis antitanque do Líbano foram lançados contra uma base e veículos militares. Israel respondeu com fogo sobre o sul do Líbano, após uma semana de tensões e receios crescentes em torno de uma nova guerra em potencial com o antigo inimigo Hezbollah.
O movimento Hezbollah, apoiado pelo Irã, relatou que seus combatentes destruíram um veículo militar israelense, resultando em mortos e feridos dentre seus passageiros. Israel afirmou que não houve baixas.
Netanyahu, cuja campanha de reeleição pode complicar-se gravemente por uma guerra no norte, a apenas três semanas da nova rodada de eleições gerais, reiterou que tudo está operando conforme o habitual, mesmo depois das hostilidades na fronteira com o Líbano.
O líder israelense manteve sua agenda regular. No início de uma reunião com o presidente de Honduras, Juan Orlando Hernandéz, em visita a Israel para estabelecer um escritório diplomático em Jerusalém, Netanyahu comentou brevemente em hebraico sobre a situação de segurança; contudo, não respondeu perguntas de repórteres locais.
“Fomos atacados por alguns mísseis antitanque. Respondemos com cem morteiros, fogo aéreo e diversas medidas. Estamos consultando o que virá a acontecer,” declarou Netanyahu.
“Dei instruções para que estejamos preparados para qualquer cenário, e decidiremos o passo seguinte conforme as coisas se desenvolverem,” afirmou o primeiro-ministro, quase evasivamente, em contraponto com a linguagem agressiva que costuma utilizar contra os inimigos de Israel.
“Posso fazer um anúncio importante – não temos nenhuma baixa, nenhum ferido, nem mesmo um arranhão.”
A força de paz da ONU na fronteira entre Líbano e Israel afirmou que a tranquilidade voltou à região durante a noite. A Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL) reiterou que pediu a ambos os lados que “exercitem o maior comedimento possível para evitar qualquer intensificação dos confrontos.”
Em 2006, ambos os lados travaram uma guerra que durou um mês, após o Hezbollah capturar dois soldados israelenses em um ataque para além da fronteira.
Israel está em alerta para um possível confronto com o Hezbollah desde a última semana, após dois drones israelenses colidirem nos subúrbios ao sul da capital libanesa Beirute, resultando na explosão de um deles. Oficiais de segurança na região afirmam que o aparelho está relacionado a projetos de mísseis de precisão.
Qualquer nova guerra entre Israel e Hezbollah aumentaria o risco de um conflito mais amplo no Oriente Médio, onde o Irã desafia reiteradamente as pressões dos Estados Unidos para renegociar um acordo nuclear estabelecido com as potências mundiais em 2015 e revogado unilateralmente pelo presidente americano Donald Trump em 2018.
Enquanto isso, Israel preocupa-se com o crescimento da influência de Teerã na região por meio de milícias aliadas como o Hezbollah em países como a Síria. No Iraque, milícias poderosas apoiadas pelo Irã culparam Israel e Estados Unidos por uma série de explosões recentes em seus depósitos de armas.
O Hezbollah afirmou que a operação desde domingo foi executada por uma unidade designada após dois de seus combatentes serem mortos por ataques aéreos israelenses dentro do território sírio na semana passada. Um oficial de segurança iraniano foi mencionado ao classificar o ataque do Hezbollah como “medida recíproca”.
Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, afirmou na noite de sábado (31 de agosto) que seus comandantes de campo estão prontos para responder aos ataques realizados por drones na última semana. Nasrallah responsabiliza Israel. No entanto, assim como Netanyahu, não parecer desejar uma guerra em grande escala.
Diante das ameaças, Israel deslocou forças adicionais à região da fronteira. A tranquilidade local, ao menos na maior parte do tempo, dura desde o fim dos confrontos de 2006.
Sem assumir responsabilidade pelo ataque de drones no sul de Beirute, o Exército de Israel publicou no entanto supostos detalhes sobre uma campanha extensiva promovida pelo Irã para fornecer ao Hezbollah meios de produzir mísseis de precisão.
Tais peças de artilharia podem potencialmente contrabalancear a devastadora força militar israelense em uma guerra futura, com a capacidade de atingir diretamente e aniquilar pontos cruciais de infraestrutura.
Nasrallah afirma que o Hezbollah possui mísseis suficientes, ao rejeitar alegações de que há fábricas para produzir armamentos sob seu controle.