A poetisa palestina Dareen Tatour, presa pela primeira vez em 2015 devido a um poema publicado em sua página pessoal no Facebook, pode finalmente deixar para trás quatro anos de batalhas jurídicas. Na semana passada, a Suprema Corte de israel rejeitou o pedido das autoridades para restaurar sua prisão, antes anulada, com base em crime de “incitação à violência”.
Segundo a mídia digital +972 Magazine, administrada por um grupo de escritores israelenses de esquerda, a decisão da corte encerra anos de prisão domiciliar, meses em penitenciárias de Israel, além de “esforços obstinados do governo para assegurar a maior pena possível”.
Tatour foi presa em outubro de 2005, em um contexto de protestos palestinos contra forças da ocupação e colonos nos territórios ocupados da Cisjordânia e Jerusalém. Tartour foi mantida por três meses na prisão, então transferida para prisão domiciliar à espera de julgamento – “uma espera que durou quase três anos”. Durante este período, “estava proibida de utilizar a internet, o telefone ou qualquer meio de comunicação”, descreveu a +972 Magazine.
Em 2018, uma corte israelense condenou Tatour por “incitação à violência e apoio ao terrorismo”. Ela foi libertada em 20 de setembro de 2018, após cinco meses de prisão. Tatour então entrou com recurso em janeiro de 2019 e obteve redução da sentença.
Gaby Lasky, advogada de Tartour, afirmou: “A tentativa do estado de reverter a redução de sentença para uma poetisa demonstra a inabilidade de Israel ao aceitar o princípio democrático básico de liberdade de expressão … os esforços para difamar sua poesia como se fosse criminosa agora têm fim.”
No recurso indeferido, o estado argumentou que a decisão da corte “deve provavelmente transmitir a mensagem errada aos extremistas que escrevem mensagens em redes sociais cujo propósito é incitação … sob o disfarce de ‘poeta’, ‘escritor’, ‘jornalista’, ‘músico’, etc”.
Na última quarta-feira (25 de setembro), véspera da decisão da Suprema Corte, o Teatro de Jaffa realizou o lançamento do livro de memórias de Dareen Tatour – “My Dangerous Poem” (“Meu Poema Perigoso”, em tradução livre).
“Fui libertada da prisão, mas a prisão permanece em mim, e sinto que estou em uma prisão ainda maior,” declarou Tatour durante o evento. “Muitos lugares cancelaram eventos nos quais eu participaria para ler poesia.”
Tatour planeja publicar suas memórias também em inglês e hebraico nos próximos dois meses.