O governo de Israel está assumindo medidas preparatórias para expulsar Omar Barghouti, proeminente ativista palestino por direitos humanos e co-fundador do movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS).
Segundo o jornal Times of Israel, o Ministro do Interior Aryeh Deri anunciou ontem (6) que orientou a Autoridade de População e Imigração para preparar argumentos jurídicos a serem utilizados na deportação de Barghouti.
Barghouti possui status de residente permanente através do casamento com uma cidadã palestina de Israel.
“Pretendo agir rapidamente para privar Omar Barghouti de seu status de residência em Israel,” declarou Deri. “Este é um homem que faz de tudo para prejudicar nosso país e, portanto, não deve desfrutar do direito de residir em Israel.”
Segundo a reportagem, a medida é baseada em uma emenda constitucional de 2018 “que torna quebra de confiança um crime relevante o bastante para permitir que o Ministro do Interior retire o status de residência de um indivíduo,” de modo que “boicotar Israel pode constituir tal delito.”
Aryeh Deri também observou que Dina Zilber, vice-procuradora-geral de Israel, já sugeriu que o ministério de fato possui “a autoridade para revogar o status de residência do fundador do BDS.”
Nos anos recentes, Barghouti já sofreu com outras formas de retaliação executadas pelas autoridades israelenses, impedido de viajar ou assediado reiteradamente por meios políticos e legais.
O movimento de BDS foi lançado em 2005, como um apelo para que a sociedade civil internacional e os governos de todo o mundo responsabilizem Israel por suas violações sistemáticas dos direitos palestinos e da lei internacional
Ayman Odeh, parlamentar do Knesset israelense e membro da Lista Conjunta – coligação de partidos árabes –, condenou as declarações de Deri: “Tenho somente uma coisa a dizer para o Ministro Deri: nós não viemos para o Estado de Israel. O Estado de Israel veio até nós. Quem você pensa que é para negar residência a este nativo ou a qualquer outro cidadão?”
Odeh acrescentou: “Negar a residência ou a cidadania é um ato antidemocrático. Hoje é Barghouti, amanhã é qualquer um que discorde do governo israelense, de sua política de ocupação e das leis supremacistas judaicas. Defenderemos nossos direitos por qualquer meio que esteja a nosso alcance.”