Na sexta-feira, milhares de jordanianos participaram de um grande comício pela suspensão do acordo de gás assinado com Israel em 2016.
O ato é parte dos protestos populares, que começaram nos primeiros dias da assinatura do contrato e apenas dois dias depois de Amã e Tel Aviv anunciarem o início das operações experimentais de bombeamento de gás.
O comício começou em frente à Mesquita Grand Husseini, em Amã, chegando à Praça Nakheel, em meio a uma forte presença de segurança.
Os participantes da marcha, convocados pelo movimento islâmico, juntamente com vários jovens, organizações partidárias e sindicais, levantaram slogans condenando o acordo e criticando o governo jordaniano.
Os slogans diziam: “O acordo de gás é ocupação”, “O gás do inimigo é ocupação” e “Não vamos normalizar, não seremos subjugados … O povo da Jordânia não está à venda” e também “Abaixo todos os projetos para extinção da causa palestina “.
Os manifestantes também gritaram: “Se você fez suas orações … venha defender seu país”, “O gás do inimigo é uma humilhação” e “O povo quer desistir do acordo”, além de outros cânticos, criticando o governo jordaniano.
Os manifestantes foram liderados por muitos dirigentes islâmicos, partidários e deputados, principalmente: Murad Al-Adaileh, secretário geral da Frente de Ação Islâmica (o braço político da Irmandade Muçulmana), Abdullah Al-Akaila, chefe da Reforma do Parlamento (bloco liderado por islamitas), e seu colega no bloco, Saud Abu Mahfouz, além do líder islâmico Salem Falahat e outras personalidades políticas.
Em entrevista à Agência Anadolu, Al-Akaila falou sobre um memorando parlamentar previamente assinado de desconfiança no governo do primeiro-ministro Omar Razzaz, caso o acordo de gás não seja cancelado. “Infelizmente, (o memorando) ainda está nas gavetas do secretariado geral do Parlamento e tomaremos medidas imediatas para ativá-lo.”
Al-Alkaila declarou:
Exigimos que nosso pessoal siga para o Quarto Círculo (a localização da sede do governo) para exigir a saída do governo.
Ele acrescentou que o rápido movimento visa derrubar o governo através do parlamento e através de uma onda massiva de pessoas que se deslocam contra o governo de Razzaz, que implementou este acordo.
“O governo traiu o povo jordaniano, que rejeita por unanimidade este acordo … O governo se opõe ao povo jordaniano, e o acordo deve ser suspenso mesmo que o gás comece a ser bombeado”, – disse o secretário Al-Adeileh. “O acordo impõe normalização por coerção ao povo jordaniano … Rejeitamos esse acordo e o abandonaremos, se Deus quiser” – assegurou.
Na quarta-feira, Jordânia e Israel anunciaram o início do bombeamento experimental de gás natural importado de Israel, na implementação do acordo assinado entre os dois lados em 2016.
O acordo foi rejeitado pelo povo e pelo parlamento jordaniano, onde 58 dos 130 parlamentares assinaram, em 15 de dezembro de 2019, um memorando para preparar um projeto de lei para cancelá-lo.
Em março de 2019, o parlamento jordaniano tomou uma decisão unânime em rejeitar o acordo de gás, mas o Tribunal Constitucional emitiu uma decisão na época, afirmando que o acordo “não requer a aprovação da Assembléia Nacional”, porque é assinado entre duas empresas e não dois governos.
O acordo, assinado em setembro de 2016, fornecerá à Jordânia cerca de 45 bilhões de metros cúbicos de gás, em 15 anos, a partir de janeiro de 2020.
De acordo com a companhia jordaniana de energia elétrica, esse contrato economizará cerca de 300 milhões de dólares com a compra de gás israelense, em comparação com a compra no mercado internacional.
A Jordânia tem alternativas a Israel, incluindo o gás egípcio, onde o bombeamento experimental para o reino começou no último trimestre de 2018, bem como o gás iraquiano e argelino.