O Presidente da França Emmanuel Macron afirmou nesta quarta-feira (15) que conversou previamente com o Primeiro-Ministro do Japão Shinzō Abe sobre as ordens para detenção do ex-presidente da aliança automobilística Nissan-Renault, Carlos Ghosn.
Após fugir para o Japão no final de dezembro de 2019, Ghosn alegou ter sido tratado “brutalmente” pelos promotores de Tóquio e que foi vítima de conspiração executada pela montadora de automóveis japonesa Nissan.
“Afirmei ao Primeiro-Ministro Shinzō Abe diversas vezes que as condições da detenção e dos interrogatórios realizados contra Carlos Ghosn não me parecem satisfatórias,” relatou Macron a repórteres.
Ghosn alegou em coletiva de imprensa na semana passada que então fugiu do Japão para limpar seu nome e afirmou, sem citar o nome do presidente, que as sementes da crise na aliança franco-japonesa para fabricação de automóveis foram plantadas quando Macron era Ministro da Economia, entre 2014 e 2016.
Macron respondeu nesta quarta-feira ao declarar que suas decisões “sempre buscaram defender os interesses da França”, e reiterou que seria conveniente demais argumentar que a defesa dos interesses nacionais poderiam prejudicar pessoalmente um executivo.
Ghosn afirmou à empresa Nissan e aos oficiais japoneses que ficou chocado pela decisão tomada pelo governo francês, em 2015, de aumentar a participação estatal nas ações da Renault e, dessa forma, dobrar seus direitos de voto sobre as deliberações corporativas.
“Isso deixou uma grande amargura,” lamentou Ghosn na última semana, em referência à aliança comercial entre as montadoras de automóveis. O movimento deixou o lado japonês da aliança Renault-Nissan com receios de que uma empresa considerada modelo de realização nacional pudesse cair sob controle do governo francês, conforme os relatos.
Carlos Ghosn é um empresário nascido no Brasil e também possui cidadania francesa e libanesa. Em 2018, foi preso no Japão acusado de sonegação e fraude, incluindo desvio de dinheiro para fundos privados em Omã, porém foi libertado mediante fiança. Em 30 de dezembro de 2019, Ghosn fugiu do Japão em direção ao Líbano. Em 2 de janeiro deste ano, a Interpol emitiu uma ordem de prisão internacional contra o empresário, o que levou a promotoria libanesa a proibí-lo de viajar, sob risco de fuga. Ghosn nega as acusações.