A Turquia jamais permitirá que a paz na região seja perturbada pelo chamado “acordo do século” – plano proposto por Donald Trump para o Oriente Médio –, afirmou hoje (9) o Presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan, conforme informações da agência Anadolu.
Os comentários de Erdogan foram feitos em declaração emitida à 3ª Conferência da Plataforma Interparlamentar sobre Jerusalém, em Kuala Lumpur, capital da Malásia.
Em mensagem ao evento, Erdogan destacou o significado e a importância de tal conferência neste período crítico e acrescentou: “O chamado ‘acordo do século’, que declara Jerusalém capital de Israel, não é nada mais que um sonho capaz de ameaçar toda a paz na região. Não permitiremos que este sonho se torne realidade.”
“Não reconhecemos o plano, que significa a anexação de terras palestinas, a destruição plena da Palestina e a tomada absoluta de Jerusalém. Jamais aceitaremos tais esforços, que fingem acolher uma solução de dois estados, mas na realidade legitimam a ocupação israelense sob mandato da administração americana.”
O chamado “acordo do século”, proposto pelo Presidente dos Estados Unidos Donald Trump, foi anunciado em 28 de janeiro último. Refere-se a Jerusalém como “capital indivisível” de Israel e reconhece a soberania israelense sobre grandes porções da Cisjordânia ocupada.
A linha vermelha de Jerusalém
O plano atraiu críticas generalizadas por todo o mundo árabe e foi repudiado pela Organização de Cooperação Islâmica. A entidade convocou “todos o estados-membros a não se engajarem com este plano ou cooperarem com a gestão americana para implementá-lo, sob qualquer versão.”
Líderes do bloco islâmico ainda reiteraram a necessidade por uma solução justa e abrangente para a questão palestina, capaz de proteger os direitos legítimos do povo palestino.
Erdogan reiterou que Israel alcançou suas fronteiras atuais de modo injusto e ilegal, impostas sobre anos de ocupação, destruição e sofrimento do povo palestino. O presidente turco afirmou que seu país “jamais permanecerá em silêncio diante da anexação de Jerusalém ou esquecerá a luta de seus irmãos palestinos.”
“Gostaria de destacar mais uma vez que Jerusalém é nossa linha vermelha. Como países islâmicos, nossa maior responsabilidade neste processo é proteger a Mesquita de Al-Aqsa, abraçar o símbolo de paz que é Jerusalém e defender os direitos dos palestinos”, declarou Erdogan.
“A política assumida por certos países islâmicos contra esses esforços representa o início de um processo que afetará todo o mundo, especialmente o Oriente Médio, e projetou a todos uma imagem triste”, acrescentou Erdogan, referindo-se a concessões feitas por estados árabes diante do plano de Trump.
Anteriormente, o Presidente da Turquia já havia criticado alguns países islâmicos por enviar representantes à Casa Branca para o anúncio do plano.