Ao menos dezessete médicos do Instituto Nacional do Câncer do Egito testaram positivo para o novo coronavírus, à medida que o número de diagnósticos confirmados no país supera mil casos.
O instituto está agora fechado por três dias para esterilização. Médicos, no entanto, criticam a gerência por não fechá-lo antes.
A farmacêutica Hajar Ashmawi pediu à administração do centro médico que fechasse o instituto há uma semana atrás, para testar devidamente a equipe. Entretanto, a administração sugeriu a Ashmawi que pedisse demissão e desse espaço a outro farmacêutico para assumir seu posto.
“Aquele que teme pela própria saúde diante da infecção com o vírus deve pedir demissão e não voltar ao instituto”, disseram a Ashmawi, segundo postagem no Facebook.
A anestesiologista Maggie Mousa acusou a instituição de negligência diante do caso de uma amiga infectada: “Recusaram-se a assumir qualquer medida para protegê-la e isolar o instituto.”
A Universidade do Cairo abriu uma investigação sobre o plano de ação assumido pelo instituto para evitar a propagação de covid-19 diante de alegações reiteradas de falta de transparência da administração sobre o contágio por coronavírus no hospital.
O Instituto Nacional do Câncer do Egito atende 300.000 pacientes anualmente e emprega mais de 1.000 funcionários em sua equipe médica. Muitos dos funcionários trabalham em outros hospitais. Portanto, há receios de que o vírus possa ter sido disseminado a outras instituições.
Mahmoud Alam-Eddin, porta-voz da universidade, afirmou que aqueles responsáveis por negligência serão responsabilizados.
Por semanas, médicos de todo o país denunciam a debilidade do plano do governo egípcio para combater a pandemia de covid-19, incluindo a falta de equipamentos simples como máscaras, materiais desinfectantes e luvas de proteção.
O regime passou a reprimir qualquer cidadão que conteste a versão oficial dos fatos. Em Alexandria, por exemplo, forças do regime egípcio invadiram a residência de um médico local, após este publicar uma postagem em seu Facebook sobre a falta de máscaras apropriadas.
Os médicos também pedem por um aumento nos subsídios destinados a eles para combater o coronavírus, cujo valor corresponde atualmente a apenas 19 libras egípcias (US$1).
Profissionais da saúde também pedem por um aumento do piso salarial da categoria: 10.000 libras egípcias (US$633) para médicos e 5.000 libras egípcias (US$317) para enfermeiras. O salário médio de um médico graduado no Egito corresponde atualmente a 2.500 libras egípcias US$159).
O Egito registrou oficialmente até então 1.173 casos de coronavírus e 78 mortes. Críticos e analistas acreditam que os números reais são de fato muito maiores.
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