Forças de segurança do Egito prenderam a ativista Marwa Arafa após invadir sua residência à 1h da madrugada desta terça-feira (21). Seu marido, o escritor e pesquisador Tamer Muwafi, afirmou ontem que desconhece o paradeiro da esposa ou a razão pela qual foi presa.
Muwafi, membro do Movimento Socialista Revolucionário, reiterou que, nos últimos anos, Marwa concentrou-se inteiramente na filha do casal, de dois anos de idade.
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Em sua página do Facebook, relatou Muwafi:
“Por muito tempo, Marwa não se envolve com absolutamente nada. Sua vida gira em torno de nossa filha Wafa. Apesar das difíceis circunstâncias nas quais nos encontramos, não nos deixaram em paz. Levaram Marwa de sua filha e não sabemos onde está.”
O escritor egípcio Ahdaf Souief compartilhou em seu Twitter: “Ainda sem notícias de nossa amiga Marwa Arafa – no passado, quando trabalhávamos juntos sobre temas de interesse, Marwa costumava se concentrar na questão das crianças prisioneiras. Agora, está separada de sua própria.”
Marwa trabalhou como coordenadora para a organização humanitária Free the Children, com foco em casos de menores presos durante protestos. Na ocasião, Marwa denunciou violações cometidas contra crianças egípcias detidas em custódia.
Em 2015, Marwa foi uma das organizadoras da campanha “We have had enough” (“Basta!”). Ao lado de outros ativistas que agora também estão detidos – como o advogado de direitos humanos Mahienour El-Massry e o blogueiro Alaa Abdel Fattah –, Marwa deu início a uma campanha de greve de fome para pressionar o governo do Egito a revogar a lei de protestos e libertar prisioneiros políticos.
Grupos de direitos humanos reivindicaram reiteradamente que o governo do Egito liberte seus prisioneiros políticos, mantidos em celas insalubres e superlotadas, diante dos riscos impostos pelo coronavírus, a exemplo de outros países. Entretanto, as autoridades mantiveram sua política repressiva contra opositores.
Também na madrugada de ontem, forças de segurança do Egito prenderam o condecorado jornalista e ativista de direitos humanos Wael Abbas e soltaram-no somente dezoito horas mais tarde. Abbas tornou-se conhecido dentre a militância política após compartilhar vídeos de brutalidade policial.
No decorrer do fim de semana, o Egito acrescentou treze detidos, incluindo o proeminente ativista Ramy Shaath e o ex-parlamentar Ziad Al-Alimi, à lista de acusados por “terrorismo”, o que significa congelamento de seus recursos financeiros, confisco de seus passaportes e proibição de viagens.
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