Neste domingo (7), Bernie Sanders, ex-candidato à presidência e senador dos Estados Unidos, classificou publicamente os planos israelenses de anexar partes da Cisjordânia ocupada como “ilegais” e reivindicou ações coordenadas para interrompê-los.
Em mensagem gravada e exibida em um comício contrário aos planos da ocupação, Sanders afirmou: “Jamais foi tão importante lutar por justiça e por um futuro que todos nós merecemos … Fico extremamente emocionado de ver muitos de vocês, árabes e judeus, lutando lado a lado nesta noite, por paz, justiça e democracia”.
“Depende de todos nós resistir a líderes autoritários e trabalhar juntos para construir um futuro pacífico para todos os palestinos e israelenses. Como vocês, acredito que o futuro de cada palestino e israelense está interligado e que todas as nossas crianças merecem viver em segurança, com liberdade e igualdade”, declarou Sanders.
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“A fim de que isso aconteça, todo plano de anexar ilegalmente qualquer parte da Cisjordânia deve ser detido”, pontuou o líder democrata americano.
Milhares de árabes e judeus juntaram-se a protestos de sábado (6). A enorme manifestação, inicialmente proibida pela polícia sob pretextos do coronavírus, teve participação de figuras de destaque, como o parlamentar Ayman Odeh, membro da chamada Lista Conjunta, coalizão de representantes árabes no Knesset (parlamento israelense).
Bernie Sanders envia mensagem a manifestantes contrários à anexação israelense da Cisjordânia ocupada
Em discurso aos manifestantes, Odeh declarou: “Estamos diante de uma encruzilhada. Um caminho nos leva a uma sociedade comum com uma democracia real e igualdade civil e nacional, para todos os cidadãos árabes … O outro nos leva ao ódio, à violência, anexação e apartheid. Estamos aqui na Praça Rabin para escolher a primeira rota.”
Prosseguiu: “Não existe algo como democracia apenas aos judeus. Assim como Martin Luther King e seus apoiadores nos Estados Unidos, devemos perceber que sem justiça, não há paz. E não haverá justiça social sem o fim da ocupação.”
O protesto em Tel Aviv exibiu bandeiras palestinas e cartazes com as palavras de ordem “Vidas palestinas importam”, em referência unitária às lutas dos povos oprimidos em todo o mundo e ato de solidariedade ao movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), para condenar o racismo institucional e a brutalidade policial.
Há algumas semanas, os Estados Unidos concederam luz verde aos planos de anexação de Israel, apesar de indivíduos e entidades da comunidade internacional repudiarem a proposta.
O Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu e seu novo governo de coalizão prometeram que a anexação começará em julho, apesar de apelos dos Estados Unidos para “desacelerar o processo”.
Colonos extremistas condenaram a hesitação americana, ao alegar que o presidente Donald Trump (abertamente sionista) não é “amigo de Israel”, pois seu chamado “acordo do século” permite a mera existência de um estado palestino, em cantões fragmentados que deveriam também ser expropriados pela ocupação.
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