Ahmad Oweidi Al-Abbadi, ex-parlamentar da Jordânia, foi preso sob acusações de “agredir o rei e a rainha”, segundo fontes jurídicas e críticas à família real no país. As informações são da rede Al Jazeera.
Abbadi, de 75 anos, é crítico de longa data da monarquia jordaniana. Foi preso pelo Departamento de Inteligência Geral do país, na capital Amã, em 2 de junho. Acusações contra o ex-parlamentar mencionam “violação da lei eletrônica” e “tentativa de sabotar o regime”. Detalhes do indiciamento permanecem incertos.
Ex-coronel do exército, Abbadi serviu como representante da direita nacional no parlamento jordaniano entre 1997 e 2001. É crítico contumaz da presença continuada de palestinos na Jordânia, ao questionar inclusive seus direitos de cidadania.
Suas críticas à família real incluem condenação pública às origens palestinas Rainha Rania.
Abbadi representa uma voz política significativa dos apelos jordanianos pelo estabelecimento de uma república, embora conservadora e nacionalista.
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Em 2007, o ex-parlamentar foi condenado a dois anos de prisão devido a e-mails classificados como “fake news”, em detrimento do estado. Em 2012, Abbadi voltou a ser detido e julgado por uma entrevista à imprensa na qual promoveu chamados republicanos na Jordânia.
Segundo registros da organização internacional Human Rights Watch (HRW), em entrevista, Abbadi descreveu a monarquia como um sistema de governo arcaico, incapaz de representar com precisão os anseios do povo. O ex-parlamentar ainda sugeriu que oficiais militares da reserva deveriam organizar um golpe, embora não tenha defendido abertamente “violência” ou “revolução”.
Sob a lei jordaniana, é ilegal criticar o monarca, as instituições domésticas, oficiais de governo ou diplomatas.
Em relatório de 2019, o HRW alega que tal conjunto de leis representa violação flagrante à liberdade de expressão. O documento reporta que o governo “deteve mais de 30 ativistas políticos e contrários à corrupção e registrou acusações contra alguns deles, o que viola o direito à liberdade de expressão.”
“As acusações registradas contra ativistas abrangem desde insultos ao rei a ‘sabotar o regime político’ e ‘difamação online’”, relatou o HRW.
Em 3 de junho, a família de Abbadi publicou um comunicado requisitando sua soltura imediata. O filho do ex-parlamentar, Nomayy Al-Abbadi, que trabalha como médico na Alemanha, afirmou à Al Jazeera que abordou grupos de direitos humanos internacionais para assegurar liberdade ao pai, diante de questões de saúde, como doença cardíaca crônica e diabetes.
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