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Egípcios lutam para voltar ao trabalho, mesmo com aumento do bloqueio

Garçom serve em um café na capital egípcia, Cairo, em 27 de junho de 2020, depois que as autoridades relaxaram as medidas de bloqueio para conter a propagação do coronavírus [Mohamed El-Shahed/ AFP via Getty Images]
Garçom serve em um café na capital egípcia, Cairo, em 27 de junho de 2020, depois que as autoridades relaxaram as medidas de bloqueio para conter a propagação do coronavírus [Mohamed El-Shahed/ AFP via Getty Images]

Os atores do teatro Sitara tinham acabado de começar a produção de “A Bela e a Fera” quando a pandemia de coronavírus atingiu o Egito e interrompeu o show.

Meses depois, e apesar do gradual alívio das restrições de bloqueio, os atores aceitaram que deveriam guardar suas roupas no estoque e aguardar o dia em que poderim trazer seus personagens de volta à vida com segurança.

Como outros países, o Egito vem tentando reavivar sua economia, afetada duramente por um bloqueio de coronavírus que paralisou o turismo e outros setores vitais e reduziu as previsões de crescimento para o ano fiscal de 2019/2020 de 5,6%, antes da crise, para 4,2%.

Os atores, como muitos do setor privado, foram forçados a encarar a realidade de que seus empregos não retornarão imediatamente ao que estavam acostumados antes da pandemia.

“Nosso trabalho depende principalmente de reuniões e eu entendo que o país se abriu em grande parte … mas realmente não acho que seja a opção mais segurapara mim, pois trabalhamos principalmente com escolas e crianças pequenas em grande número”, disse Summer Galal, uma das atrizes da trupe.

“Tudo o que passamos desde o início do coronavírus até ter de trazer as coisas de volta e guardá-las no estoque é muito pesado … o impacto psicológico tem sido intenso”, acrescentou Galal.

Em meados de março, o Egito impôs medidas de bloqueio, incluindo toque de recolher noturno, proibição de grandes reuniões públicas e fechamento de restaurantes e teatros.

LEIA: Ao menos 50 milhões de empregos foram perdidos nos países árabes devido à pandemia

As restrições foram finalmente levantadas em junho, com os teatros autorizados a operar com 25% da capacidade. Porém, com várias centenas de novos casos de covid-19 sendo relatados diariamente, o Sitara decidiu permanecer fechado.

“Na verdade, fechamos antes que o governo fechasse tudo porque parecia errado ter crianças entrando e também as escolas entrando em pânico e os pais entrando em pânico”, disse Emma Davies, diretora artística do teatro.

Estímulo econômico

O Egito injetou 100 bilhões de libras egípcias (US $ 6,3 bilhões) para estimular a economia e tentou ajudar os pobres e os trabalhadores do setor informal que dependem do trabalho diário.

Cerca de um terço da população de 100 milhões do Egito vivia abaixo da linha de pobreza antes da pandemia. Mas mesmo aqueles que superaram as duras reformas econômicas agora se vêem pressionados pela falta de dinheiro.

O serviço de informações estatais do Egito não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre como o governo está ajudando o setor privado.

“As oportunidades de emprego são poucas para os gerentes, mesmo para as equipes de trabalho, porque agora os cafés estão voltando a trabalhar com uma capacidade menor do que o fluxo usual de qualquer restaurante ou café”, disse Khaled Mohamed, 52, que antes era gerente, mas agora está desempregado.

A agência de estatísticas do Egito informou em junho que mais de um quarto das pessoas antes empregadas não estavam trabalhando devido a medidas de bloqueio, enquanto mais da metade estavam em com redução de jornada, em  horas ou dias. Os últimos dados apontam o desemprego em 9,2% em abril.

Dados de junho do Índice de Gestores de Compras da IHS Markit para o setor privado não petrolífero mostraram que o mercado de trabalho do Egito enfrentava condições cada vez piores, com a  taxa de desligamentos aumentando mais rapidamente do que se registra desde setembro de 2016

Até o momento, o Egito registrou 87.775 casos de coronavírus, embora o número de novos casos tenha diminuído nas últimas semanas.

Este conteúdo foi distribuído pela agência Reuters.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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