Portuguese / English

Middle East Near You

Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

O caminho para os EUA não passa pela Palestina

Palestinos se reúnem para protestar contra o acordo de normalização entre Israel e os Emirados Árabes Unidos na Cisjordânia em 14 de agosto de 2020 [Agência Issam Rimawi / Anadolu]

Nos últimos dias, o primeiro avião israelense chegou à capital dos Emirados Árabes Unidos. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, descreveu o evento como um “avanço”.

Emirados Árabes Unidos não fora o primeiro país árabe a normalizar as relações com a ocupação e talvez não sejam o último, segundo declarações de Netanyahu. Nesse sentido, Egito lidera a lista com os Acordos de Camp David em 1979, após ter se envolvido em três guerras. Depois, Jordânia em 1994. Ambos os países têm fronteiras comuns com Israel. O paradoxo é que Emirados Árabes Unidos e Israel não são limitados por fronteiras e nunca houve guerras entre os dois lados. O país do Golfo Árabe estava anteriormente comprometido com o consenso da posição árabe que rejeita a normalização.

Emirados Árabes Unidos buscam se aproximar dos Estados Unidos da América a qualquer custo e apoiam o presidente dos EUA, Donald Trump, em seu próximo turno eleitoral em novembro próximo. Acontece que ambos os lados são sionistas, embora tenham nacionalidades diferentes. Eles não testemunharam o massacre diário de jovens palestinos em postos de controle racistas impostos por Israel, o bloqueio da Faixa de Gaza por 15 anos, ou o fracasso da ocupação sionista em cumprir as resoluções da ONU.

Emirados Árabes Unidos estão acelerando a marcha em direção aos Estados Unidos e Israel, e não é possível entender o que esses dois países oferecerão a um país rico e produtor de petróleo.

LEIA: Trump sediará assinatura do acordo Israel-Emirados Árabes em 15 de setembro

No entanto, o denominador comum entre eles é a luta contra o Islã político que existiu no Egito e produziu a primeira democracia na história moderna deste país. Ambos contribuem para o sofrimento do povo iemenita, e é por isso que hoje encontramos um milhão de crianças iemenitas que precisam de remédios e água. Eles também estão unidos pela tentativa de restringir e bloquear o movimento do Hamas, aprisionar seus seguidores, rotulando-os de terroristas nos Emirados Árabes Unidos em defesa de Israel.

Israel não é amigo de ninguém e não dará nada em troca aos Emirados Árabes Unidos ou a outros países. Continua com seu projeto colonialista, expandindo-se dia a dia. Depois de ocupar 85% do mapa histórico da Palestina, hoje busca anexar o Vale do Jordão. Em 2019 já havia anexado as Colinas de Golã ao seu suposto território, com o aval e a bênção do presidente dos Estados Unidos.

Além disso, este acordo se desvia da iniciativa de paz árabe que foi assinada na Arábia Saudita em 2002 e estipula que nenhum país árabe normalizará a paz com Israel a menos que este se retire das fronteiras de 4 de junho de 1967 e aceite o acordo de dois estados.

O acordo, que será assinado este mês na Casa Branca na presença do presidente dos Estados Unidos, é visto como um presente dos Emirados para melhorar a posição eleitoral de Trump na política externa. O caos nas relações com a China e o Irã após a retirada do acordo nuclear é um exemplo claro. Além do fracasso da política externa, Trump falhou em vários assuntos internos. As questões mais importantes a serem mencionadas são o assassinato de George Floyd e a covid- que impactou  os Estados Unidos e o tornou o primeiro país do mundo em número de infectados e mortos.

Este acordo dará a Trump fundos adicionais e ajudará em seus votos entre os evangélicos, a quem Trump não se atreve a incomodar,   prosseguindo com seus planos de apoiar Israel, tanto com a  mudança da embaixada, quanto a normalização das relações, além de exortar os países árabes a fazerem o mesmo.  Esse comportamento também aparece em  relação aos  negros. Quando George Floyd foi assassinado, o mandatário da Casa Branca não pronunciou uma única palavra para não incomodar os evangélicos.

LEIA: Trump é indicado ao Prêmio Nobel da Paz por acordo Israel-Emirados

Boa parte do conteúdo do acordo já foi revelado.. No entanto, alguns relatórios apontam que uma parte não publicada do acordo de paz inclui um possível acordo de armas segundo o qual os Estados Unidos da América venderiam caças F-35 aos Emirados, que apresentaram a intenção de comprá-los há 6 anos. A recente sugestão de Trump sobre a aprovação da venda dos caças F-35 para o país do petróleo confirma esses relatórios.

Diz Trump:

“Estamos revisando a venda do F-35, mas eles avançaram no processo de paz no Oriente Médio. Claro, eles têm dinheiro para pagar, e isso é bom porque normalmente fazemos negócios com países que não têm 10 centavos. “

As declarações são de que o acordo Israel-Emirados remove quaisquer obstáculos que os Estados Unidos enfrentam dos Emirados Árabes Unidos, mas o acordo de compra de armas permanece em questão  porque o Congresso dos EUA, em busca da superioridade militar de Israel na região, não o aprovará. Além da forte oposição israelense e ao pedido dos Emirados, apesar da normalização. E, se o acordo for fechado, exigirá que os Estados Unidos enviem a Israel equipamentos militares modernos e sofisticados que não estão disponíveis no Oriente Médio, segundo declarações feitas hoje por autoridades israelenses.

“Um avanço histórico”, é assim que o padrinho da normalização Emirados-Israel. Jared Kushner descreveu o acordo , como um passo em uma série de normalizações públicas de outros estados árabes com Israel em breve.

Os Emirados Árabes Unidos normalizam os laços com Israel - Charge [Sabaaneh/ Monitor do Oriente Médio]

Os Emirados Árabes Unidos normalizam os laços com Israel – Charge [Sabaaneh/ Monitor do Oriente Médio]

LEIA: A retórica eventualmente normalizará os planos de anexação de Israel

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

Categorias
ArtigoÁsia & AméricasEmirados Árabes UnidosEUAIsraelOpiniãoOriente MédioPalestina
Show Comments
Palestina: quatro mil anos de história
Show Comments