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Política se faz o tempo todo, não só nas eleições

Entrevista com a candidata à prefeitura de SP pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), Vera Lúcia
Vera Lúcia [Foto arquivo pessoal]
Vera Lúcia [Foto arquivo pessoal]

Esta não é a primeira eleição a qual Vera Lúcia é candidata pelo PSTU. Sergipana, já concorreu ao governo de Sergipe e prefeitura de Aracaju,  já foi inclusive candidata a presidência da República em 2018;

Os momentos eleitorais são considerados pelo PSTU oportunidades importantes para confrontar os projetos dos demais partidos, afirmando uma visão da classe trabalhadora sem concessões à elite dominante ou mesmo às esquerdas consideradas reformistas.

Nesta entrevista ao MEMO, Vera Lúcia fala da politica pressionada entre luta popular na América Latina e o capitalismo mergulhado em crise e do apoio incondicional de seu partido à causa palestina.

Qual a importância do processo eleitoral para você e seu partido?

Para nós do PSTU é extremamente importante participar das eleições e fazer frente a crise econômica e sanitária que sacode o mundo. Apresentar uma alternativa socialista e revolucionária que arranque de um programa emergencial a geração de emprego, renda, saúde e que assegure a vida da classe trabalhadora e dos mais pobres.

O debate eleitoral contribui para que os trabalhadores se organizem mais para apropriação da cidade?

Está no imaginário de muita gente que as eleições são o centro da política, quando na verdade a política é o tempo inteiro. Porém, aproveitamos esse espaço porque fazemos política cotidianamente nas estruturas e nas fábricas. Nas eleições temos a oportunidade de confrontar o programa e o projeto de sociedade o PSTU que tem para a classe trabalhadora paulistana, brasileira e mundial, confrontando com os outros projetos políticos apresentados, desde a ultradireita, a direita mais tradicional, mais progressista até os partidos de esquerdas reformistas. Com todas as dificuldades do mundo, nós somos excluídos dos debates, dos programas eleitorais de rádio e televisão e isso dificulta muito. Primeiro porque não aceitamos recursos de setores empresariais. Se defendemos a classe trabalhadora, não podemos ter nenhum tipo de comum acordo que nos crie algum tipo de laço com aqueles que nos exploram e oprimem.

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Você e seu partido tem um trabalho constante de apoio à causa palestina. Como a discussão da política municipal pode contribuir para esse apoio?

Primeiro porque mesmo sendo uma cidade, ela está contida num país e o país tem relações internacionais. Por exemplo a cidade de São Paulo tem relações com o Estado de Israel, que todo mundo sabe que é um Estado racista, militarizado e que oprime o povo palestino. Em São Paulo, inclusive, o que mais temos são imigrantes de outras nacionalidades que vem buscar refúgio e sobrevivência no Brasil. Temos como exemplo os sírios, palestinos, nigerianos, haitianos, bolivianos e venezuelanos. Não dá para descartar a problemática de um município sem relacionar com o restante do país e com o mundo. O sistema capitalista é global e as cidades fazem parte disso.

Você assinou a carta de BDS, qual a importância da campanha por boicote e de embargo militar a Israel para a população de cidade de SP?

O nosso partido, não só aqui em São Paulo, mas em todas as candidaturas do PSTU no país inteiro, assinamos essa carta de apoio à campanha de boicote ao Estado e aos negócios com Israel. Isso é importante porque manter relações econômicas com o Estado de Israel é pactuar com o assassinato praticado pelo Estado e é pactuar com esse Estado que é racista e genocida. É estabelecer relações para que essa mesma repressão, que é feita aos palestinos lá em seu país, seja usada para reprimir inclusive aqui no Brasil os bairros mais pobres das cidades com os equipamentos de segurança e vigilância. Somos totalmente a favor da campanha de Boicote Desinvestimentos e Sanção contra relações com Israel. Aqui na cidade de São Paulo, na prefeitura do PSTU romperemos com Israel. Defendemos os palestinos para que eles tenham direito ao seu Estado e que a Palestina seja livre do  Rio Jordão ao Mar Mediterrâneo.

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Internacionalmente estamos vendo mudanças eleitorais na Bolívia, no Chile e nos EUA, como você avalia esse momento?

É a continuidade de um processo que já vem de antes. O sistema capitalista está mergulhado em uma crise há mais de uma década.  Durante esse tempo teve a oportunidade, tanto nos EUA como na Bolívia e aqui no Brasil, de conviver  com governos reformistas, ligados à esquerda e com os governos na ruptura com o povo,  por conta dos ataques que fizeram à classe trabalhadora para atender os negócios e os interesses do capitalismo em busca de sair de sua crise. Como resposta, isso acabou gerando governos de ultradireita, como se fossem um voto de castigo. No caso da Bolívia, o governo teve que se refugiar em outro país porque de fato viveu um golpe. Nos EUA entrou o Biden, mas não temos nenhuma ilusão de que irá governar, nem para os trabalhadores e muito menos para o povo negro. E na Bolívia, o que ocorreu quando a interina assumiu e dizendo que ia chamar eleições, foi que na verdade estava se encastelando lá. Foram as mobilizações e as lutas grandiosas do povo boliviano, pela classe trabalhadora e por indígenas. Assim como foi preciso fazer uma revolução no Chile para derrotar o governo de Pineira e se fazer uma nova constituição. Ou seja, tudo o que ocorre é produto das lutas e desse confronto que a classe trabalhadora tem feito com os governantes e os grandes empresários nos seus respectivos países em busca de melhores condições. A ultradireita sofre agora uma derrota, mas é produto dessas lutas que vem desde antes dessa crise que já estava instalada e que se aprofundou na pandemia.

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