O Presidente do Parlamento da Tunísia e líder do Movimento Ennahda, Rachid Ghannouchi, renovou seus apelos por uma reconciliação nacional abrangente com ex-oficiais da ditadura de Ben Ali que desejam ser reintegrados à vida política pós-revolução e aderir à nova constituição.
Em discurso proferido durante uma sessão do parlamento tunisiano, no domingo (29), Ghannouchi argumentou que esta alternativa é melhor que possibilidade de retaliação e ruptura, segundo informações da agência Anadolu.
O comentário de Ghannouchi serviu como resposta às críticas apresentadas por diversos deputados contra a recente indicação de Mohamed Ghariani como assessor parlamentar responsável pela reconciliação nacional e política de transição no sistema judiciário.
Ghariani foi secretário-geral do chamado Reagrupamento Constitucional Democrático, liderado pelo ex-presidente Zine El Abidine Ben Ali, entre 2008 e março de 2011, quando o partido foi dissolvido, após a revolução popular que depôs o regime.
Sua indicação, explicou Ghannouchi, é parte do processo para nomear assessores que sejam neutros. “Alguns rejeitam esta decisão, mas quando tratamos do antigo regime, apenas dois métodos são aplicáveis: reconciliação ou vingança”.
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O presidente do Ennahda destacou que a retaliação de fato foi vivenciada em outros países que passaram pela Primavera Árabe, levando à dissolução do processo revolucionário.
“A Tunísia, porém, preservou sua revolução e manteve um consenso nacional. Na minha opinião, a indicação de um símbolo do velho regime ao parlamento não indica que a revolução rescindiu, mas sim que o passado evoluiu em direção ao presente”, alegou Ghannouchi.
Ghariani, prosseguiu o presidente do parlamento tunisiano, desculpou-se ao povo, abraçou a vida política pós-revolução e não incitou qualquer forma de retorno ao passado. “Ao contrário, comprometeu-se com a constituição e a revolução”.
“Temos o caminho aberto a todas as pessoas de bem que queiram se reintegrar à esfera política atual, em respeito à constituição e à revolução”, reiterou Ghannouchi. “Temos de encorajá-los a fazê-lo, ao invés de fomentar divisões”.
Além disso, a indicação representa parte dos esforços do Ennahda, segundo o líder do partido, para trabalhar com uma equipe diversa de especialistas políticos, econômicos e legais. “Estou agindo dentro do escopo de minhas jurisdições como líder do parlamento”, destacou.
Ghannouchi defendeu previamente a necessidade da Tunísia de realizar uma reconciliação nacional abrangente, sem exclusão de nenhum partido político, incluindo figuras remanescentes da ditadura deposta, caso se comprometam em respeitar a nova constituição.
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