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A causa palestina deve ser mais conhecida e denunciada

Entrevista com Cristina Heredia, vereadora argentina e integrante de movimentos à causa palestina
Cristina Heredia [Foto arquivo pessoal]
Cristina Heredia [Foto arquivo pessoal]

Crisistina Heredia vem de uma família peronista que a influenciou para a militância e a política. Vereadora na cidade de Tres Febrero, distrito de Buenos Aires, ela fala de uma comunidade grande e ativa em sua cidade, com a qual compartilha a defesa da causa palestina.

Integrante do Fórum Latino Palestino e da Liga internacional Parlamentares por Al Quds, Cristina ressalta nesta entrevista ao MEMO a importância das campanhas de BDS, mas também cobra: “Há uma falha muito grande dos organismos internacionais que são os que deveriam sancionar energicamente e cumprir aquilo que assinam e escrevem.”

Qual seu envolvimento com a causa palestina?

Me identifiquei com a causa palestina há muito tempo. Em meu município existe uma comunidade árabe muito importante, oriunda das primeiras migrações sírio-libanesas do final do século XIX e que também foram incorporadas à vida política local, aproximando-se e compartilhando seus costumes e sua cultura e suas demandas políticas, a exemplo da luta do povo palestino. Com eles tenho fortes laços de amizade e companheirismo. Acredito que o verdadeiro militante deve não só militar as causas que estão próximas por território ou por laços de sangue, mas também deve ter solidariedade e empatia com causas como a do povo e do Estado palestino que há mais de sete décadas se defronta com um projeto imperialista que despojou os palestinos de seu território, de sua pátria, por meio de um genocídio generalizado, que visa privá-los de tudo, inclusive de sua identidade.

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Você participa do Fórum Latino Palestino? Como você acha que isso fortalece a causa palestina?

Nos últimos anos, já mais ativamente, me somei à Liga de Parlamentares por Al Quds, entendendo que os direitos humanos de autodeterminação dos povos, sua liberdade, independência e soberania devem ser defendidos em todo o mundo, em cada fórum , em todas as oportunidades para sermos ouvidos pelos cidadãos que representamos.

É incrível tanta tolerância com os abusos que se cometem todos os dias contra o povo palestino, com os assentamentos, apartheid, bloqueios, etc.

Tive o prazer de participar da segunda reunião internacional da Liga Al Quds realizada em Istambul no final de 2018. Tenho e manifesto um sincero compromisso e convicção com a causa palestina. Ela deve ser mais conhecida, denunciada e também disseminada, por exemplo, através da arte como canal para transmitir os costumes e sentimentos dos povos, a cultura sem fronteiras.

Gostaria de acrescentar que somos um grande grupo solidário e comprometido com a Palestina, e expressar minhas profundas condolências pela recente partida do deputado do povo irmão do Equador, Bairon Valle, grande defensor da causa dos povos livres.

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Militante e apoiadora da causa palestina, Cristina Heredia

Militante e apoiadora da causa palestina, Cristina Heredia [Foto arquivo pessoal]

Havia muita expectativa em relação ao governo de Fernádez e Cristina de recussar as pressões contra a causa palestina, no entanto algumas atitudes surpreenderam. Como foi a repercussão para os movimentos de solidariedade a causa palestina da escolha de Israel como a primeira visita ofical do novo presidente?

A República Argentina sempre foi favorável ao reconhecimento da Palestina como Estado livre e independente, formalmente a partir de 2010. Em 2015 a ex-presidenta Cristina Fernández foi condecorada com a Estrela da Liberdade, por sua postura. Devo admitir que não gostei daquela visita, que entendo que tenha a ver com compromissos formais.

Outra campanha internacional contra os palestinos é a tentativa de associar qualquer critica a israel e à ocupação israelense como antissemitismo, como é o caso de definição da Aliança Internacional de Recordação ao Holocausto (IHRA) criticada internacional, como você vê o fato da argentina aderir a esta definição?

Acredito que cometer crimes contra a humanidade deve ser repudiado e condenado independente de onde ocorra e o que o Estado de Israel está fazendo com a Palestina e seu povo, é genocídio. Portanto não concordo que qualquer crítica seja antissemitismo; A política israelense está violando os direitos humanos mais básicos, mais elementares, então eu gostaria da mesma condenação internacional e também do meu próprio país, que não seja sempre uma condenação unilateral.

Você participa da campanha para Boicotes Desinvestimentos e Sanções (BDS)? O você que pensa sobre essa estratégia de resistência da causa palestina?

As campanhas do BDS são pacíficas e estratégicas no sentido de apontar os produtos dos assentamentos ilegais. Há uma falha muito grande dos organismos internacionais que são os que deveriam sancionar energicamente e cumprir aquilo que assinam e escrevem. A OEA que muitas vezes consente com as intervenções nos estados latinoamericanos. No caso da ONU, é o organismo internacional que deveria tomar um papel mais preponderante e não olhar apenas para um lado. Oxalá as campanhas se tornem mais generalizadas, e sejam encampadas por mais estados.

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