O Secretário de Estado dos Estados Unidos Mike Pompeo afirmou nesta terça-feira (12) que a Al Qaeda estabeleceu seu novo lar no Irã; contudo, sem nenhuma evidência concreta.
Segundo Pompeo, os Estados Unidos têm poucas opções senão lidar com o grupo agora que “cavou fundo” dentro do país.
As informações são da agência Reuters.
Com apenas oito dias até o fim do mandato do atual presidente americano Donald Trump, Pompeo acusou Teerã de conceder refúgio a líderes da Al Qaeda, apesar de certo ceticismo por parte da comunidade de inteligência e do Congresso dos Estados Unidos.
O jornal The New York Times reportou em novembro que Abu Muhammad al-Masri, figura de destaque do grupo terrorista, acusado de planejar os bombardeios contra duas embaixadas americanas na África, em 1998, foi abatido por agentes israelenses no Irã.
O Irã negou as alegações, ao destacar que não há “terroristas” da Al Qaeda no país.
Em coletiva realizada no Clube de Imprensa Nacional, em Washington, Pompeo anunciou oficialmente que al-Masri morreu em 7 de agosto de 2020, ao enfatizar que sua presença no Irã não foi surpresa alguma.
Declarou:
A presença de al-Masri em solo iraniano sugere a razão pela qual estamos aqui hoje … A Al-Qaeda tem um novo lar: a República Islâmica do Irã.
No Twitter, o Ministro de Relações Exteriores do Irã Mohammad Javad Zarif contestou Pompeo, ao descrever as acusações como “mentiras beligerantes”.
Teerã tornou-se alvo preferencial do governo de Donald Trump e Pompeo buscou impulsionar a política de máxima pressão prometida pelo presidente republicano, sobretudo nas últimas semanas, ao impor novas sanções e aumentar o tom.
Assessores do presidente eleito Joe Biden acreditam que o atual governo deseja dificultar o reaproximação entre os países, que poderá culminar na retomada do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano, revogado unilateralmente por Trump, em 2018.
Biden toma posse na Casa Branca, em 20 de janeiro próximo.
Pompeo prometeu ainda impor sanções aos líderes da Al-Qaeda situados no Irã, além de três líderes de batalhões curdos ligados ao grupo salafita.
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O Secretário de Estado anunciou ainda uma recompensa de US$7 milhões por informações que possam levar ao paradeiro ou identificação de Muhammad Abbatay, líder da Al-Qaeda também conhecido como Abd al-Rahman al-Maghrebi.
Não é a primeira vez que Pompeo acusa Teerã de vínculos com a organização terrorista.
Após os atentados de 11 de setembro de 2001, o governo de George W. Bush também sugeriu laços entre Teerã e Al-Qaeda, mas foi logo desacreditado. Rumores do tipo ressurgiram ao longo dos anos, ao acusar o governo iraniano de esconder agentes do grupo.
Não obstante, um ex-oficial de inteligência dos Estados Unidos reiterou que o Irã jamais mostrou-se amistoso à Al-Qaeda, antes ou depois dos ataques de 11 de setembro, ao sugerir cautela diante das alegações reincidentes de cooperação entre ambos.
O Irã xiita e a Al-Qaeda sunita são historicamente inimigos sectários.
As relações entre Teerã e Washington deterioraram-se desde 2018, quando Trump abandonou o acordo nuclear assinado por seu antecessor, Barack Obama, três anos antes. O pacto buscava restringir as atividades nucleares iranianas e suspender sanções.
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