A Promotoria Pública do Egito exortou testemunhas que porventura tenham registros em vídeo do estupro coletivo cometido no célebre Hotel Fairmont que compartilhem as provas com a polícia, sob promessas de confidencialidade e proteção.
Em seguida, o gabinete anunciou ter recebido imagens de um vídeo do crime e prometeu justiça.
Contudo, o apelo incitou alertas, considerando que muitas testemunhas que se apresentaram previamente foram presas por autoridades e mantidas em custódia por quase cinco meses.
Em meados do último ano, nove homens foram acusados de drogar e estuprar uma mulher no luxuoso Fairmont Cidade do Nilo, em 2014. O grupo foi acusado de filmar o crime e então utilizar o registro para chantagear a vítima.
O caso de estupro atraiu grande atenção nas redes sociais, após alegações virem à público através de uma conta no Instagram, denominada Assault Police, sob apelos por novas informações sobre o incidente. Contudo, ameaças de morte levaram à derrubada da postagem.
O Conselho Nacional de Mulheres do Egito encorajou a vítima e testemunhas a denunciarem os agressores, ao prometer apoio e proteção, o que inicialmente levou autoridades egípcias a ordenarem a prisão de suspeitos.
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Entretanto, quatro testemunhas mulheres do estupro coletivo foram presas e submetidas a investigações arbitrárias por uso de drogas e “devassidão”, constrangidas por supostamente participar de uma orgia. Três delas permanecem em custódia há cinco meses.
Vídeos e fotos pessoais das testemunhas foram vazados online. A imprensa pró-regime do presidente e general Abdel Fattah el-Sisi difamou as mulheres ao ponto de acusá-las de filiação a uma suposta rede de homossexuais que propaga AIDS.
Em novembro, um jovem egípcio acompanhou uma testemunha do caso à delegacia e então foi preso por sua “orientação sexual”.
O Conselho Nacional de Mulheres pediu às ativistas que lutam por justiça para não comentar as prisões.