Nesta quinta-feira (11), o presidente Bolsonaro apresentou em suas redes uma live que durou mais de uma hora, onde falou sobre a parceria com Israel, criticou as medidas de lockdown e atacou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Durante a transmissão, Bolsonaro tinha um globo terrestre na mesa e xingou o presidente Lula de “jumento” e “carniça”, se referindo ao discurso de quarta-feira em que o ex-presidente afirmou que Bolsonaro não sabia que a terra era redonda.
“O carniça ontem falou que eu deveria procurar o Marcos Pontes, que é o nosso ministro da Ciência e Tecnologia, que esteve no espaço, para ele dizer para mim que a Terra é redonda. Olha a qualidade do meu ministro da Ciência e Tecnologia e a qualidade dos ministros do presidiário para depois a gente começar a discutir”.
“Lá atrás, a especialidade era outra. Com cinco dedos. E nós sabemos para onde foi o Brasil”, afirmou fazendo um gesto com as mãos que sugere roubo.
“Um jumento me chamando de terraplanista, um jumento”, disse em outro momento.
O presidente estava acompanhado do secretário de Pesquisa e Formação Científica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Marcelo Morales, que integrou a comitiva que viajou a Israel para buscar o remédio ainda está em fase inicial de testes para tratamento de Covid-19. Morales ressaltou que o medicamento é só uma ferramenta e que os testes ainda estão começando.
“O spray nasal é mais uma ferramenta. Ele possui uma partícula – é importante dizer que não é uma vacina, não é um antiviral, é uma partícula que modula o sistema imunológico. Então, o paciente que está grave, naquela tempestade inflamatória, que leva o paciente ao respirador, essa partícula modula o sistema imunológico e impede que – a ideia é muito importante – impede que o paciente chegue ao respirador. Mas o desenvolvimento desse spray nasal está muito no início, nós avaliamos, questionamos e conversamos com os pesquisadores que estão fazendo o desenvolvimento. E nós temos institutos nacionais de ciência e tecnologia que pode interagir com esses pesquisadores, desenvolvendo, para fazer em escala industrial com a tecnologia brasileira e cooperar com os israelenses também no desenvolvimento e nos testes clínicos com pacientes.”
Bolsonaro voltou a defender o tratamento off label (fora da bula), afirmando que “o que não mata engorda” e criticou as medidas de Lockdown e os governadores pela maior parte da transmissão, afirmando que “o que está em jogo é a sua liberdade.”
“Eu faço o que o povo quiser. Digo mais: eu sou o chefe supremo das Forças Armadas. As Forças Armadas acompanham o que está acontecendo. As críticas em cima de generais, não é o momento de fazer isso. Se um general errar, paciência. Vai pagar. Se errar, eu pago. Se alguém da Câmara dos Deputados errar, pague. Se alguém do Supremo errar, que pague. Agora, esta crítica de esculhambar todo mundo? Nós vivemos um momento de 1964 a 1985, você decida aí, pense, o que que tu achou daquele período. Não vou entrar em detalhe aqui”, disse ele.
Ele também alegou que o “efeito colateral do Lockdown é mais danoso que o vírus” e leu uma suposta carta de suicídio que responsabilizava o governador da Bahia e o prefeito de Salvador pela morte, alegando ser consequência do fechamento do comércio.
O presidente ainda criticou aqueles que afirmam que o Brasil deveria seguir o exemplo de vacinação de Israel. “Daí vem os inteligentes, né? ‘Faça igual Israel que já vacinou metade de sua população.’ Você sabe qual é a população de Israel? Não sabe. A população de Israel é menor que a capital do Estado de São Paulo. Em torno de 9 milhões de pessoas, nós já vacinamos 10 milhões. Nós já vacinamos todos os idosos acima de 85 anos de idade”, disse. Até agora, apenas 4,39% da população brasileira foi vacinada com pelo menos uma dose da vacina e o país ainda está aplicando a segunda dose recomendada em idosos acima de 85 anos.
Ele também se referiu à sua mãe, Olinda Bonturi Bolsonaro, de 93 anos, dias após ela ter sido vacinada com a segunda dose da Coronavac, produzida pelo laboratório Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo.
LEIA: Remédios mágicos sem vacina ameaçam tornar o Brasil um criadouro de mutações
“Eu peço, por favor, esqueçam a minha mãe. A dona Olinda se vacinou com [a vacina da] Oxford, depois voltou um empregado lá do estado, rasgou o cartão dela e deu [colocou como se fosse do] Butantan. Pra mim tanto faz. Passou pela Anvisa? Minha mãe toma. Mas rasgou por quê? – Minha irmã fotografou. – Para dizer que minha mãe tomou a vacina da…de São Paulo”, acusou.