Malcolm Bidali, cidadão queniano que escrevia sob pseudônimo, com foco nos direitos dos imigrantes no Catar, foi acusado pela promotoria pública em Doha de receber pagamentos para espalhar desinformação, reportou o gabinete de comunicação do governo.
Bidali foi preso em 5 de maio por supostamente violar as leis de segurança do Catar.
Grupos de direitos humanos expressaram receios de represália ao seu ativismo.
“O sr. Bidali foi formalmente acusado de delitos relacionados a pagamentos que recebeu de um agente estrangeiro para criar e distribuir desinformação dentro do Estado do Catar”, declarou o gabinete de comunicação neste sábado (29), sem mais detalhes.
Segundo a declaração oficial, o cidadão queniano — que trabalha como segurança particular e mantém um blog independente — foi encaminhado à promotoria após investigação e recebeu consultoria legal para comparecer à corte, sem data prevista.
Entretanto, em 20 de maio, ao telefonar à sua mãe, Bidali relatou ser mantido em confinamento solitário, sem acesso a um advogado, conforme comunicado emitido na sexta-feira (28) por grupos de direitos humanos, incluindo a Anistia Internacional.
O Comitê Nacional de Direitos Humanos do Catar (NHRC) afirmou que as autoridades deram acesso irrestrito à representação legal de Bidali e que é tratado “adequadamente”.
Segundo o órgão público catariano, representantes da embaixada do Quênia também o visitaram e Bidali teve contato autorizado com sua família e com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) — agência das Nações Unidas.
Uma semana antes, Bidali palestrou a organizações da sociedade civil sobre sua experiência profissional no Catar, conforme comunicado prévio da Anistia, Human Rights Watch, Migrant-Rights.org, FairSquare e Centro de Pesquisa de Negócios e Direitos Humanos.
O histórico humanitário e trabalhista do Catar tornou-se foco de pressão internacional à medida que o país se prepara para sediar a Copa do Mundo de Futebol de 2022. Doha introduziu reformas para abordar alguns pontos de apreensão.