Agentes da inteligência turca capturaram o sobrinho de Fethullah Gülen e o trouxeram à Turquia para ser processado, quase cinco anos após a tentativa fracassada de golpe que Ancara acusa o clérigo de ser o mentor.
De acordo com a Agência Anadolu, agentes da Organização Nacional de Inteligência da Turquia (MIT, na sigla em inglês) apreenderam Selahaddin Gülen em uma operação no exterior que teria ocorrido no Quênia, onde ele reside desde outubro do ano passado.
Depois de ser notificado pela Interpol a pedido da Turquia, Selahaddin foi preso por dois dias após sua chegada a Nairóbi antes de ser libertado sob fiança, enquanto Ancara continuava a buscar sua extradição. De acordo com documentos legais vistos pela agência de notícias AFP, no entanto, um tribunal queniano ordenou no início de maio que ele não fosse preso ou extraditado e devolveu seu passaporte a ele.
Embora não seja detalhado no relatório inicial, acredita-se que a inteligência turca então recorreu à captura dele e à extradição forçada. De volta à Turquia, ele supostamente enfrenta processo por sua associação e atividades na rede mundial de seu tio, que Ancara rotulou de organização terrorista.
Fethullah Gülen era um aliado do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, os dois se separaram após uma divisão que culminou na repressão do governo turco ao clérigo e seus seguidores desde a tentativa de golpe em julho de 2016.
Gülen, que mora nos Estados Unidos junto com sua organização e parentes como Selahaddin, há muito nega seu envolvimento nessa tentativa. Apesar dos repetidos pedidos da Turquia, os EUA se recusaram a extraditar ele e outras figuras.
Essa não é a primeira extradição forçada que a inteligência turca realiza contra gulenistas no exterior, já que membros importantes teriam sido capturados na Ucrânia em janeiro deste ano.
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