O Ministério da Defesa espanhol recusou-se a participar nas manobras do exército programadas para uma parte do Saara Ocidental ocupado de 7 a 18 de junho, após a recusa de Madri em ajudar a normalizar a ocupação marroquina da região.
O jornal El País revelou que o exército espanhol se recusou a participar nas manobras do Lion 21 africano, como as que Marrocos acolhe todos os anos. Vários países costumam participar.
Fontes governamentais disseram ao El País que o verdadeiro motivo da rejeição de Madri ao convite do Comando dos Estados Unidos para a África (AFRICOM) para participar do exercício a ser realizado em uma parte do Saara Ocidental ocupado não está relacionado ao orçamento conforme foi anunciado. Pelo contrário, deveu-se ao fato de grande parte dos exercícios, dos quais a Espanha normalmente participa todos os anos, se realizarem pela primeira vez no território ocupado saharaui.
Aparentemente, a Espanha nem vai enviar observadores, ao contrário de 20 outros países. O governo de Madri acredita que a presença da Espanha legitimaria a ocupação marroquina da ex-colônia.
Este boicote às manobras surge em meio a uma crise diplomática entre Madrid e Rabat. O Reino está tentando chantagear a Espanha por causa de suas posições em apoio à legitimidade internacional no Saara Ocidental.
Rabat começou a interferir nos assuntos internos da Espanha e intensificou seu ataque político e diplomático contra Madrid na sequência da decisão do governo espanhol de permitir que o presidente saharaui Brahim Ghali entrasse no país para procurar tratamento médico.
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