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Alemanha congela mais de US$ 1 bilhão em ajuda ao Marrocos pelo Saara Ocidental

Foto tirada em 12 de dezembro de 2020 mostra (da esquerda para a direita) bandeiras dos EUA e do Marrocos ao lado de um mapa autorizado pelo Departamento de Estado dos EUA de Marrocos reconhecendo o território internacionalmente disputado do Saara Ocidental [AFP via Getty Images]
Foto tirada em 12 de dezembro de 2020 mostra (da esquerda para a direita) bandeiras dos EUA e do Marrocos ao lado de um mapa autorizado pelo Departamento de Estado dos EUA de Marrocos reconhecendo o território internacionalmente disputado do Saara Ocidental [AFP via Getty Images]

A Alemanha anunciou que vai congelar uma ajuda de mais de US$ 1 bilhão na forma de projetos de desenvolvimento no Marrocos em meio a crescentes tensões diplomáticas entre os dois países, culminando com Rabat suspendendo os laços com a embaixada alemã em março e chamando de volta seu embaixador em Berlim no mês passado.

No entanto, a decisão afetou a ajuda da Alemanha, em particular da Sociedade Alemã de Cooperação Internacional e do Banco Alemão de Desenvolvimento, o que foi confirmado por um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, observando que alguns projetos haviam sido “totalmente suspensos” e que estavam “afetados pela política unilateral de Marrocos”.

Entre os principais projetos suspensos está um acordo assinado pelos dois países no ano passado para a produção e pesquisa de hidrogênio verde, apontado como uma importante alternativa aos combustíveis fósseis pela UE.

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De acordo com o comunicado que anuncia a retirada do seu embaixador em Berlim, Zohour Alaoui, Marrocos citou três queixas que tinha com a Alemanha, sendo a principal delas a posição do país da UE no disputado território do Saara Ocidental, que foi reconhecido pela administração do ex-presidente dos EUA Donald Trump no ano passado como estando sob a soberania marroquina. Em troca, Rabat concordou em retomar os laços diplomáticos com Israel.

O Ministério das Relações Exteriores do Marrocos acusou a Alemanha de “ativismo antagônico”, apesar da “Proclamação Presidencial dos EUA reconhecendo a soberania de Marrocos sobre o Saara”.

Rabat também criticou a Alemanha por sua “cumplicidade” em relação a um indivíduo não identificado “anteriormente condenado por atos de terror”.

O governo marroquino também questionou Berlim “exibindo uma determinação contínua em conter a influência do Marrocos, particularmente na questão da Líbia”.

Na ocasião, o Itamaraty reagiu afirmando que estava “surpreso” com a mudança, mas pediu que se trabalhasse com o reino “de forma construtiva para resolver esta crise”.

Em 2019, o Marrocos ficou em terceiro lugar entre os países africanos que mais receberam ajuda para cooperação para o desenvolvimento da Alemanha, depois do Egito e da Tunísia, segundo dados do Ministério Alemão de Cooperação Econômica e Desenvolvimento.

Marrocos está em conflito com o grupo separatista Polisario apoiado pela Argélia sobre o Saara Ocidental desde 1975, após o fim da ocupação espanhola. Transformou-se em um confronto armado que durou até 1991 e terminou com a assinatura de um acordo de cessar-fogo.

Rabat insiste no seu direito de governar a região, mas propôs um governo autônomo no Saara Ocidental sob sua soberania, todavia a Frente Polisário quer um referendo para permitir que o povo determine o futuro da região. A Argélia apoia a proposta da Frente e acolhe refugiados da região.

O cessar-fogo de 1991 terminou no ano passado, depois que Marrocos retomou as operações militares na passagem de El Guergarat, uma zona-tampão entre o território reivindicado pelo estado de Marrocos e a autodeclarada República Árabe Sahrawi Democrática, o que a Polisário considerou uma provocação.

Ao lançar a operação, Marrocos “minou seriamente não só o cessar-fogo e os acordos militares relacionados, mas também quaisquer chances de alcançar uma solução pacífica e duradoura para a questão da descolonização do Saara Ocidental”, disse Brahim Ghali, líder da Frente Polisário, em uma carta à ONU.

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