Diferenças surgiram entre os delegados no Fórum de Diálogo Político da Líbia (LPDF, na sigla em inglês) reunido em Genebra sobre a possibilidade de Khalifa Haftar se candidatar nas eleições presidenciais de dezembro no país do norte da África, informou a Arabi21. As diferenças surgiram imediatamente após a apresentação de uma proposta que exigia que não fossem impostas condições aos candidatos presidenciais, especialmente no que se refere à dupla nacionalidade ou posto militar. Isso foi visto como uma tentativa de quebrar a regra constitucional para facilitar a futura candidatura do Marechal de Campo Khalifa Haftar. Ele possui cidadania americana.
“Existem três tendências no LPDF”, explicaram fontes informadas. “Alguns dos membros querem um referendo sobre a constituição atual primeiro, e depois as eleições; outros estão dispostos a emendar a constituição atual primeiro e, em seguida, realizar um referendo sobre ela; enquanto o terceiro grupo sugeriu organizar as eleições primeiro e depois ratificar a Constituição.”
As perguntas feitas são se a regra constitucional causará divisões dentro do LPDF e qual seria o papel de Haftar e sua equipe em complicar a situação.
De acordo com o membro do LPDF Abdel-Kader Ahwaili, “as diferenças estão em andamento […]. Se nenhum consenso for alcançado sobre as propostas específicas aprovadas por todos e pela missão da ONU, então os delegados irão para o mecanismo de votação nas decisões e resolverão alguns assuntos”.
O ex-ministro do Planejamento da Líbia e vice-presidente do Partido Trabalhista Nacional, Isa Tuwaijir, acredita que a causa da crise e dos desacordos dentro do LPDF são os partidários do antigo regime, assim como o bloco de apoio a Haftar. “Os dois lados estão tentando pular em quaisquer saídas ou resultados.”
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Tuwaijir disse à Arabi21 que “a equipa de Haftar está tentando formular condições e artigos que garantam a sua candidatura, além de garantir que se mantém no cargo até ter a certeza da sua vitória, o que é uma tentativa ingênua e flagrante que muitos membros rejeitam, porque consideram Haftar como inelegível para concorrer devido à sua cidadania americana e posto militar”.
Salem Kashlaf, da Assembleia Constituinte da Líbia, afirmou que “o desacordo dentro do LPDF é uma consequência natural dado o contexto, mecanismos e pessoas escolhidas para o Fórum pela missão da ONU. Centrou-se na escolha das personalidades mais polêmicas, entendendo-as como representantes enquanto negligencia outros indivíduos eleitos”.
A disputa pelos termos da presidência, acredita Kashlaf, é um dos principais motivos da atual crise na Líbia. “Tem estado ligada a certas pessoas sem consideração pelo interesse geral do país. A tentativa contínua de moldar certas condições para a eleição de qualquer figura de qualquer partido vai aprofundar a crise no LPDF e na rua, o que levanta uma questão sobre a credibilidade da iniciativa da missão e da comunidade internacional para trazer paz e estabilidade à Líbia.”
Ele sugeriu que a missão da ONU “deliberada e flagrantemente” ignorou os resultados do órgão redator da constituição eleito pelo povo, por meio do qual a disputa sobre a forma do sistema político, o sistema de governança e as condições para assumir cargos estatais na Líbia foram resolvidos. “Tudo isso foi completamente esquecido pela comunidade internacional.”