A ascendência árabe e o contato com a terra de origem da família estão presentes em vários momentos da carreira da cantora, atriz, dançarina e empresária Jehane Saade (foto acima). Nascida no Rio de Janeiro, onde vive atualmente, mas filha de mãe libanesa e pai brasileiro, Saade trouxe para a música que canta um pouco da sua história pessoal com o Líbano, onde passou boa parte da sua infância.
Em entrevista à ANBA, a artista contou que a capa do seu último álbum, Exótica, de 2016, é uma releitura do emblema da loja de roupas de sua avó libanesa e que foi criado por seu avô. “O círculo com um ‘X’ significa a união perfeita do oriente com ocidente e a tolerância ao próximo, e o anel com uma asa, a aliança de pessoas que vão se unir espiritualmente, uma união que eleva e não aprisiona, e essa mulher em cima com a mão aberta para o céu tem a sensibilidade de prever e sentir o mundo”, explicou.
O álbum é todo autoral, Saade escreve letra e música, a maioria em português, mas uma faixa é em francês, a ’Je ne Veux Plus’, que fecha o disco. Ela contou que todas as suas músicas têm algum elemento que remete ao ritmo árabe, algum instrumento, como derbak ou alaúde, ou algum som específico. Saade não se define dentro de nenhum gênero musical. “Meu estilo é próprio, com influência da MPB, bossa nova, indie, world music”, disse. Sua primeira música gravada foi uma interpretação de ‘Black or White’, de Michael Jackson, em uma coletânea com outros artistas.
LEIA: Cantor lança música em árabe para Dia dos Namorados
Apesar da heterogeneidade, a carreira da artista foi encontrando a cultura árabe entre uma esquina e outra. Ela fez parte do Trio das Arábias, em que era dançarina do ventre e fez várias apresentações e trabalhos sociais. O trio não está em atividade atualmente, mas ela pretende retomar. Também criou uma peça musical chamada “Meu Diário Gipsy”, em que conta sua trajetória e como pano de fundo traz a cultura nômade libanesa. A ideia é transformar a peça em série musical e a artista busca apoio e patrocínio para tirar o projeto do papel. Ela quer filmar no Líbano.
Jehane Saade passou parte de sua infância na região libanesa de Trípoli, fala francês e morou na França, na Venezuela, nos Estados Unidos e na Suíça, além do Líbano e do Brasil. Sua mãe trabalhava na Aliança Francesa.
A artista começou a cantar em 2008, depois de seu divórcio. Saade menciona esse momento de sua vida em ‘Pé na Estrada’, no álbum Exótica. “Com as minhas filhas eu pego o meu carro, mordo o lábio dirigindo para vários lados”, diz a letra. Hoje, ela toca diversos projetos, como o de um aplicativo, de uma série e de um reality show.
Projetos
Além do projeto da peça musical, Saade tem muitos outros em mente. Ela criou um aplicativo que seria como uma plataforma de streaming de arte, com canais sobre o que é relevante no mundo das artes no momento, para que artistas consigam divulgar e monetizar seu trabalho, com a possibilidade de patrocínios dentro do próprio aplicativo. O projeto também busca financiamento.
“O maior desafio do artista é monetizar sua arte”, disse Jehane Saade. Ela pretende ser uma liderança para que outros artistas possam encontrar parcerias para suas artes. A artista também tem um projeto de reality show e contou que irá estrear um quadro cultural em programa de tevê.
Publicado originalmente em Anba