O que: Revolução Constitucionalista de São Paulo
Quando: 9 de julho de 1932
Onde: São Paulo
Há 89 anos, em 9 de julho em 1932 teve início o movimento armado comandado pelas elites paulistas, que aconteceu no estado de São Paulo contra as políticas autoritárias da primeira Era Vargas. O movimento é chamado de Revolução Constitucionalista.
O que aconteceu antes?
A República Velha (1889 – 1930) foi marcada pela aliança entre as elites dos Estados de Minas Gerais e São Paulo, na qual combinaram alternar-se na presidência do Brasil, na política conhecida como “ café com leite”, produtos característicos dos dois Estados respectivamente.
As oligarquias paulista e mineira entraram em confronto em 1930, quando o paulista Washington Luís rompeu o acordo e indicou o então governador de São Paulo, Júlio Prestes, para seu sucessor no cargo de presidente.
Prestes venceu as eleições, provocando a ira de Minas que se juntou aos Estados do Rio Grande do Sul e a Paraíba, colocando Getúlio Vargas no poder, fato que ficou conhecido comom “Revolução de 1930”.
Em resposta, as elites paulistas São Paulo decidiram lutar por uma nova Constituição democrática.
Em 23 de maio de 1930, um comício na Praça da República foi reprimido e deixou mortos os jovens Euclides Miragaia, Antonio de Camargo Andrade, Mario Martins de Almeida e Dráusio Marcondes de Souza que contava com apenas 14 anos de idade.
O movimento armado paulista, chamado de Revolução Constitucionalista, teve início no dia 9 de julho de 1932 e durou quase 3 meses, até o dia 2 de outubro daquele mesmo ano.
O que foi a Revolução Constitucionalista de 1932?
Apesar do golpe que colocou Vargas na Presidência, os paulistas ainda contavam com a convocação de eleições de uma nova Constituição, mas foram surpreendidos com a nomeação, por Getúlio Vargas, de um pernambucano, o tenentista João Alberto, como interventor em São Paulo.
Diante as revoltas paulistas, Getúlio Vargas tentou atendê-las, nomeando o paulista Pedro de Toledo, mas o confronto já havia começado com a tomada do controle do governo estadual pelas elites cafeeiras de São Paulo e a união dos liberais do Partido Democrático com a velha oligarquia do Partido Republicano Paulista,, criando a Frente Única. Grande.
O confronta armado teve início no dia 9 de Julho. Já na época a imprensa foi fator fundamental para angariar o apoio da classe média, com intenso uso do rádio e jornais impressos, finalmente mobilizando toda população em campanhas que pediam doações em ouro, alimentos e que reuniram mais de 200 mil voluntários, sendo 60 mil combatentes, enfrentando os mais de 100 mil soldados de Getúlio Vargas.
Os paulistas acreditavam que teriam apoio de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, mas ficaram isolados e, em três meses, foram derrotados pelas tropas federais.
A batalha durou 87 dias, deixando 934 mortos nas contas oficiais e estimativas que apontam para mais de 2 mil vítimas fatais. A carta de rendição foi assinada no dia 2 de outubro, no município de Cruzeiro e os principais líderes foram exilados em Portugal.
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O que aconteceu depois?
A chamada Revolução Constitucionalista de 1932 foi impulsionada pelo desejo da oligarquia paulista em retomar o poder, e portanto não tinha a característica de revolução popular, mas com o apoio das classes médias incorporou propostas liberais e democráticas que deixaram legados.
Uma bandeira da batalha sangrenta em São Paulo era a exigência de uma nova Constituição e, embora os paulistas tenham sido derrotados, se consideraram moralmente vitoriosos com a convocação de Assembleia Nacional Constituinte por Getúlio Vargas, em 1933.
Em 1934, a Constituição foi promulgada com a inclusão do voto feminino, a limitação do trabalho a 8 horas diárias, a possibilidade de nacionalizar empresas estrangeiras, o direito à educação para todos, a proibição do trabalho para menores de 14 anos, férias, aposentadoria, a eleição para deputados, a representação sindical, entre outros direitos e princípios liberais. O voto passou a ser obrigatório, direto e secreto, embora não incluísse os analfabetos.
O dia 9 de Julho foi tornado feriado em São Paulo. Inaugurado há 66 anos, o Obelisco Obelisco Mausoléu aos Soldados Constitucionalistas de 1932, obra do artista italiano Galileo Emendabili instalada em frente ao Parque do Ibirapuera, na capital paulista, guarda as cinzas de 713 ex-combatentes e de cinco jovens mortos em 23 de maio
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