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Irã recrimina ONU por criticar mortes de civis nos protestos contra a seca

Protestos tomam as ruas do Irã contra a crise hídrica [Monitor do Oriente Médio]
Protestos tomam as ruas do Irã contra a crise hídrica [Monitor do Oriente Médio]

Neste sábado (24), o regime iraniano rechaçou a “intromissão” das Nações Unidas sobre supostos assuntos internos, após a comissária de direitos humanos Michelle Bachelet condenar as mortes a tiros de civis durante protestos contra a crise hídrica.

As informações são da agência Reuters.

Marchas de apoio aos manifestantes, que tomaram as ruas na província do Cuzestão, sudoeste do Irã, espalharam-se pela região noroeste do país. Vídeos dos protestos deste sábado viralizaram nas redes sociais.

Na sexta-feira (23), Bachelet expressou apreensão sobre os mortos, feridos e detidos na última semana, durante atos populares na região do Cuzestão.

Saeed Khatibzadeh, porta-voz da chancelaria iraniana, alegou em comunicado que os “comentários tendenciosos, imperitos e intervencionistas [de Bachelet] sobre a gestão dos recursos hídricos do país não recaem ao escopo do comissariado”.

Além da seca, Khatibzadeh culpou as sanções dos Estados Unidos por “impedir a transferência de tecnologia e investimento ao setor de águas da região”.

Os iranianos, no entanto, tomam as ruas há mais de uma semana, indignados pela escassez de água durante a pior seca no país em meio século, à medida que a economia colapsa sob as sanções internacionais e os efeitos ainda presentes do covid-19.

Vídeos compartilhados nas redes sociais mostraram grupos de manifestantes na cidade de Tabriz, noroeste do país, em apoio aos protestos no Cuzestão.

Na noite de quinta-feira (22), um jovem foi baleado e morto e outros sete foram feridos durante atos de solidariedade na província vizinha de Lorestão, confirmou um policial, ao culpar supostos “contrarrevolucionários” pela violência.

Na sexta-feira, manifestantes marcharam na cidade de Aligudarz, sob palavras de ordem contra o Supremo Líder do Irã Ali Khamenei.

Ao menos um policial e três jovens foram mortos a tiros nos primeiros protestos, segundo oficiais iranianos, que culparam “agitadores” pelas mortes. Contudo, a Anistia Internacional reportou ao menos oito mortos durante as manifestações.

A Agência de Notícias de Ativistas de Direitos Humanos (HRANA) informou ontem que pôde confirmar a identidade de dez mortos e 102 detidos.

Testemunhas relataram uma forte presença militar no Cuzestão, neste sábado.

“A internet móvel foi derrubada e há forças de segurança por todo o canto”, declarou um residente anônimo de Ahvaz, capital da província, à agência Reuters.

Ainda na sexta-feira, Khamenei conclamou os oficiais responsáveis a abordar a crise, ao afirmar que o povo não pode ser culpado por protestar contra a seca.

Em consonância com a postura do aiatolá, o presidente Hassan Rouhani destacou: “Com exceção de poucos, o povo exerce seu direito legal de protestar”.

LEIA: Os iranianos marcam o silencioso Eid em meio ao bloqueio de covid-19

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