Na manhã desta segunda-feira (26), o exército tunisiano impediu Rached Ghannouchi, presidente do legislativo nacional, de entrar no parlamento, após a decisão do Presidente Kais Saied de destituir o governo e assumir plenos poderes executivos.
Horas após o anúncio de Saied, Ghannouchi e outros congressistas tiveram seu acesso negado ao prédio do legislativo por forças militares.
“Eu sou presidente do parlamento e somos representantes eleitos”, protestou Ghannouchi, segundo a imprensa. “Estão nos impedindo de praticar nossos deveres legislativos”.
“Estamos em choque que o exército foi usado para este serviço, isto é, fechar os portões da democracia”, reiterou o líder do movimento Ennahda, maior partido do país. “O povo tunisiano recusa-se a voltar à autocracia e ao autoritarismo”.
Ghannouchi fez um apelo aos comandantes militares a unirem-se ao povo e defender a revolução e a liberdade — “como confiamos que fizessem”.
O parlamentar acrescentou que as sessões da câmara prosseguirão como planejado, conforme decisões posteriores dos blocos parlamentares, e exortou todas as coligações e correntes políticas a defenderem juntas as instituições e a Constituição.
Enquanto isso, Saied foi visto na rua Habib Bourguiba Street com apoiadores, celebrando a deposição do governo e a suspensão dos trabalhos legislativos.
“Não se trata de um golpe”, reafirmou; contudo, proferiu ameaças: “Aqueles que insultam o chefe de estado serão processados e responsabilizados”. Saied anunciou então que assumirá o controle da Promotoria Pública para indiciar envolvidos em “corrupção”.
“O que aconteceu não foi um golpe”, insistiu o presidente conservador (sem partido). “Como poderia ser um golpe com base na lei? Carrego comigo os princípios da revolução e as palavras da revolução: trabalho, liberdade, dignidade e patriotismo”.
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