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Os desafios enfrentados por refugiados no acesso à saúde

Paul Aponte (77), da Venezuela, recebe sua primeira dose da vacina contra a COVID-19 em Guayaquil, Equador © ACNUR / Santiago Arcos Veintimilla

A malária permaneceu sendo a causa mais comum de doença entre os refugiados em 2020, enquanto o sofrimento psicológico causado pela COVID-19 e a desnutrição aguda constituíram grandes ameaças à saúde e ao bem-estar dos refugiados, de acordo com dados divulgados pelo ACNUR, Agência dos Refugiados da ONU, em sua Revisão Global Anual de Saúde Pública (em inglês).

Em um ano marcado pela pandemia, o foco principal do ACNUR foi defender a inclusão de refugiados nos planos de resposta nacionais à COVID-19. A agência também trabalhou para apoiar os sistemas nacionais de saúde, adquirindo equipamentos de proteção individual, outros equipamentos como concentradores de oxigênio, testes para detectar COVID-19 e aumentando a capacidade de terapia intensiva em países como Líbano e Bangladesh.

No início da pandemia, em meio às restrições de movimento e medo de infecção, o acesso dos refugiados às unidades de saúde foi significativamente reduzido. No entanto, foram feitas adaptações para garantir que refugiados continuassem a ter acesso seguro aos serviços essenciais. À medida que os bloqueios e as restrições diminuíram, o uso dos serviços de saúde foi, em grande parte, restaurado.

“Trabalhamos para reduzir a aglomeração nas clínicas, encontrar alternativas para a prestação de serviços, como acompanhamento remoto, e, acima de tudo, para manter as comunidades de refugiados informadas”, disse Sajjad Malik, Diretor da Divisão de Resiliência e Soluções do ACNUR. “Esforços especiais foram necessários para garantir a continuidade dos serviços de saúde materna e neonatal, bem como dos serviços de saúde mental, uma vez que a capacidade dos refugiados de lidar com o problema foi severamente prejudicada devido à COVID-19.”

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No geral, durante o ano passado, o ACNUR apoiou o acesso a serviços abrangentes de atenção primária à saúde e encaminhamento para atenção secundária e terciária em 50 países que juntos acolhem 16,5 milhões de refugiados.

Em 2020, 112.119 partos foram registrados em 159 assentamentos de refugiados, em 19 países – um nível semelhante ao de 2019. As mortes neonatais representaram uma proporção significativa das mortes entre crianças menores de cinco anos e a mortalidade materna continuou a suscitar preocupações na maioria dos países onde o ACNUR opera. Muitas mulheres continuaram a morrer de complicações relacionadas à gravidez que podem ser prevenidas e tratadas. O ACNUR trabalha para apoiar as clínicas com equipe treinada, medicamentos e equipamentos, a fim de gerenciar emergências obstétricas, salvar mães e recém-nascidos.

Como em 2019, a malária foi a causa isolada mais comum de morbidade relatada entre os refugiados (20%), seguida por infecções do trato respiratório superior e inferior. Para combater a malária, o ACNUR e seus parceiros trabalham para garantir o acesso ao diagnóstico e tratamento precoces e ajudar as comunidades a encontrar maneiras de reduzir a exposição às picadas de mosquitos, inclusive por meio de redes mosquiteiras tratadas com inseticida. Medidas ambientais para reduzir os focos de reprodução de mosquitos também foram defendidas.

A desnutrição aguda continuou sendo um problema de saúde significativo em muitas operações do ACNUR. O início da pandemia resultou em restrições de mobilidade, e o ACNUR, em colaboração com parceiros, teve que revisar a execução dos programas de nutrição para garantir a continuidade dos cuidados e as medidas de mitigação da COVID-19.

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Por exemplo, programas terapêuticos e de alimentação suplementar ajudaram a preencher a lacuna nutricional de crianças, mulheres e outras pessoas com necessidades nutricionais específicas, como as que vivem com HIV e/ou tuberculose. Para continuar esses programas, o ACNUR pré-posicionou suprimentos para permitir seu fornecimento por um período mais longo e reduzir a frequência das visitas às clínicas. Além disso, a agência aumentou os dias de distribuição para reduzir o congestionamento. Em lugares como o sul do Chade e o oeste de Ruanda, o ACNUR também forneceu aconselhamento por rádio e telefone sobre as práticas recomendadas de alimentação para bebês e crianças pequenas.

“Como estamos no segundo ano da pandemia de COVID-19, é necessário financiamento para sustentar a resposta à pandemia em apoio aos sistemas nacionais”, disse Malik. “No entanto, isso não deve custar a manutenção do acesso a outros serviços essenciais de saúde. No geral, é necessário um investimento muito maior, para garantir que os refugiados – assim como todos os outros – possam desfrutar do direito à melhor saúde física e mental possível.”

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