O movimento Ennahda da Tunísia pediu ontem que as medidas excepcionais tomadas pelo presidente, Kais Saied, sejam uma “oportunidade para reformas”, informou a Agência Anadolu.
“Se isso for feito, poderá ser um marco na transição democrática”, disse o Conselho Shura do movimento no Facebook. A declaração do conselho foi divulgada após uma sessão de consulta excepcional para discutir a situação geral na Tunísia, dez dias depois de Saied tomar medidas polêmicas que expuseram uma grande cisão política no país.
O Ennahda tem 53 dos 217 deputados no parlamento. Apelou ao diálogo e manifestou disponibilidade para fazer as “concessões necessárias” para o regresso da via democrática, incluindo eleições antecipadas.
O presidente Saied demitiu o primeiro-ministro Hichem Mechichi em 25 de julho e assumiu os poderes executivos com a ajuda de um governo chefiado por um primeiro-ministro de sua escolha. Ele também congelou o parlamento por um período de 30 dias, suspendeu a imunidade parlamentar dos parlamentares e assumiu o cargo de procurador da República.
As medidas coincidiram com protestos populares exigindo a derrubada de todo o sistema político. A oposição foi acusada de fracasso devido às crises políticas, econômicas e de saúde em curso.
Segundo Saied, as medidas excepcionais que tomou baseiam-se no artigo 80 da constituição e visam “salvar o Estado tunisino”. No entanto, a maioria dos partidos, incluindo o Ennahda, descreveu as medidas como um “golpe contra a constituição”. Outros apoiaram os movimentos de Saied como forma de corrigir o curso da revolução.
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