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Regime e milícias violam breve cessar-fogo em Daraa, na Síria

Soldados do regime sírio em Daraa, 7 de julho de 2018 [Youssef Karwashan/AFP/Getty Images]

O regime de Bashar al-Assad e grupos da oposição na província de Daraa, no sul da Síria, concordaram com um cessar-fogo mediado pela Rússia no sábado (14), a fim de suspender os combates em um dos últimos bastiões oposicionistas no país.

Segundo as informações, sob o acordo, o exército russo deverá conduzir patrulhas nas áreas mantidas pela oposição em Daraa al-Balad, a fim de evitar violações mútuas.

Também foi acordado que a travessia de Saraya, que permite a entrada e saída da província, seria reaberta aos residentes locais.

A trégua prevê duração de duas semanas, com intuito de avançar no diálogo em curso e fornecer alicerces para um armistício de longo prazo.

Entretanto, combatentes ou residentes que recusarem viver sob o regime de Assad devem ser expulsos de Daraa e supostamente transportados à província de Idlib, ainda mantida pela oposição, no noroeste da Síria.

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Não obstante, o cessar-fogo foi violado horas depois de entrar em vigor. Tropas do regime e milícias aliadas ligadas a Teerã retomaram o bombardeio contra áreas oposicionistas.

Segundo a rede Al-Araby Al-Jadeed, Adnan al-Musalama, porta-voz do comitê de negociação de Daraa, reportou que grupos iranianos foram os primeiros a romper a trégua.

“Parece que as milícias não gostaram do cessar-fogo, anunciado hoje em Daraa, e logo quiseram violá-lo”, alegou al-Musalama. “Planejam, portanto, trabalhar duro para arruinar este acordo [pois] encerraria o projeto iraniano na área”.

Apesar do bombardeio, prosseguiu al-Musalama, “aqueles que defendem a região e seus civis mantêm sua adesão ao acordo e nenhuma violação de sua parte foi registrada”.

A travessia de Saraya permaneceu fechada e obstruída pelo regime, a fim de impedir a fuga de residentes locais, apesar das garantias de Moscou sobre os termos do cessar-fogo.

Desde a recaptura de Daraa por Assad, em 2018, a Rússia age como mediador entre o regime e a oposição, ao promover um acordo de anistia a ex-combatentes oposicionistas e implementar um suposto processo de reconciliação.

Porém, após três anos de violações contínuas — incluindo ao menos 98 mortes de opositores sob tortura —, Assad enviou a 4ª Divisão das Forças Armadas para sitiar a província e manteve uma subsequente ofensiva de larga escala por mais de um mês.

Residentes de Daraa recusaram-se a votar na recente eleição presidencial em maio, com larga margem de vitória do longevo presidente sírio, ao denunciá-la como fraude.

Para a oposição local, a violação do cessar-fogo representa outro fracasso por parte de Moscou — notório aliado de Assad — como mediador viável na guerra civil.

No início de agosto, grupos oposicionistas exortaram a Turquia a substituir a Rússia como mediador, com foco no salvo-conduto a residentes da província.

 LEIA: Oposição captura postos, tanque e travessia de fronteira de Assad, perto da Jordânia

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