O presidente e general egípcio Abdel Fattah el-Sisi negou nesta quinta-feira (16) a existência de qualquer violação de direitos humanos no seu país, em resposta a um relatório do Human Rights Watch condenando abusos sistemáticos de seu regime.
“Os egípcios podem ter certeza: não há violações de direitos humanos em nosso país”, declarou Sisi durante entrevista por telefone com o programa de televisão local Al-Tassia.
Ao destacar a necessidade de leis para “controlar a sociedade”, Sisi atribuiu a existência de “práticas erradas” a “manifestações da pobreza, ignorância e nossa cultura”.
“Ninguém tem direito de ofender os outros, seja por perseguição ou assédio, porque isso é uma violação dos direitos humanos”, constatou o general.
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Em seguida, Sisi enalteceu a inauguração nas próximas semanas do “maior complexo prisional” do país. “Qualquer prisioneiro nesse complexo servirá sua pena de forma humana e terá alimento, saúde e reabilitação cultural”, declarou.
Na terça-feira (14), o Departamento de Estado dos Estados Unidos confirmou a decisão de reter US$130 milhões em ajuda militar destinada ao Egito, até que o regime de Sisi cumpra “parâmetros específicos de direitos humanos”.
O anúncio americano foi feito apenas três dias após Sisi divulgar uma “nova estratégia de direitos humanos”, a primeira do tipo desde que assumiu o poder em 2014, após liderar o golpe militar contra o presidente eleito Mohamed Morsi no ano anterior.
Há cerca de 60 mil prisioneiros políticos no Egito, sob abusos sistemáticos, incluindo tortura e negligência médica, além de índices exponenciais de execuções sumárias e pena capital.
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