Apesar das perdas no incêndio ocorrido em setembro de 2018, o Museu Nacional do Rio de Janeiro ainda terá o maior acervo de Egito Antigo da América do Sul. A estimativa é do diretor da instituição, o paleontólogo Alexander Kellner.
“Não é querendo mitigar os impactos, porque nós perdemos muito. Mas também conseguimos recuperar muito”, disse ele, durante um bate papo online realizado nesta terça-feira (21) pelo Museu de Ciências Naturais Joias da Natureza, instituição sediada em Guarujá, litoral paulista.
A importância do acervo de Egito Antigo, segundo Kellner, é incalculável. “Um dos momentos mais tocante pra mim foi quando recebi a visita do cônsul-geral do Egito. Ele falava das múmias e lacrimejava. Me impressionou. Aquilo era muito importante pra ele. A primeira palavra que disse a ele foi “desculpa”. Foi um pedido de desculpas pelo país”.
Vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Museu Nacional localiza-se na Quinta da Boa Vista e é a mais antiga instituição científica do Brasil. Foi fundado por D. João VI em 1818. O incêndio de grandes proporções que ocorreu há três anos arrasou exemplares raros, como esqueletos de animais pré-históricos, artefatos etnográficos e múmias.
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Considerando todas as coleções, o Museu Nacional tinha cerca de 20 milhões de exemplares e estima-se que 15% foi preservado. “Ainda são 3 milhões. E vamos conseguir resgatar mais”, diz Kellner.
O diretor também apresenta um quadro mais otimista considerando a representatividade das coleções. “Recuperamos material representativo de quase metade do que tínhamos. Vou dar um exemplo. Digamos que a gente tinha cem fósseis de Rhacolepis [peixes pré-históricos]. Se eu tiver perdido 99, mas tiver preservado um, eu tenho essa coleção representada. Os principais meteoritos nós recuperamos, bem como material antropológico”.
O trabalho de salvamento do acervo ainda não terminou, mas o diretor reitera que o Museu Nacional continua funcionando, com pesquisas e de eventos, incluindo exposições online e presenciais. Kellner também apresentou a situação do projeto de reconstrução. Ainda este ano será iniciada a reforma pesada da fachada e do telhado. A expectativa é de que no ano que vem o jardim externo esteja finalizado. A conclusão de toda a reforma é estimada para 2026 ou 2027.
Publicado originalmente em Anba