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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Bandeiras palestinas no Dia da Consciência Negra

Ato em frente ao estádio do Pacaembu ao final da carreata pelo fim do massacre palestino, em São Paulo, 15 de maio de 2021 [Foto Lina Bakr]

Mais de 60 cidades em todas as regiões do Brasil já tem atos marcados neste sábado, 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra. Entre as bandeiras na luta contra o racismo, não deve faltar a da Palestina.

A data simboliza a histórica resistência negra em um país marcado pela herança maldita de 388 anos de escravidão. Foi o dia em que, no ano de 1965, o líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi, foi assassinado. Seu legado está presente em cada lutador e lutadora contra o racismo, instrumento do sistema capitalista.

Para além da solidariedade internacional entre os oprimidos e explorados, essa batalha é inseparável da resistência rumo à Palestina livre. Além de o racismo ser parte intrínseca da colonização sionista, a militarização das vidas negras e pobres no Brasil e no mundo sustenta o regime de apartheid institucionalizado israelense imposto aos palestinos.

Setenta por cento das tecnologias militares desenvolvidas pela ocupação destinam-se à exportação, e o Brasil lamentavelmente se tornou nos últimos anos o quinto maior importador destas. Sob Bolsonaro, representante explícito na cadeira do Planalto, essa parceria da morte cresce dia a dia e se reflete também entre os governos estaduais. Nas mãos das polícias militares, encontram-se blindados israelenses, sistemas de vigilância e mesmo armas de guerra, como em São Paulo e no Amazonas, em que seus governos adquiriram metralhadoras Negev que disparam até 700 tiros por minuto a mil metros de distância e estão a serviço da criminosa ocupação na Palestina.

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Racismo no Brasil e na Palestina

Os alvos no Brasil, velhos conhecidos, são os corpos negros, indígenas e empobrecidos. Segundo anúario publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a letalidade policial aumentou 0,3% em 2021, e alarmantes 78,9% de suas vítimas são negros. O feminicídio cresceu 0,7%, e 61,8% das mulheres assassinadas são negras.

Se os negros e negras pobres resistem em um Brasil racista desde sempre a morrer de fome, de doença ou se tornarem vítimas diretas da violência do Estado, inclusive por balas disparadas pela polícia manchadas pelo sangue palestino, sob o genocida Bolsonaro aprofunda-se essa trágica realidade.

Diante da crises sanitária e econômica, conforme o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), entre o primeiro e o segundo trimestres de 2020, o desemprego atingiu 8,9 milhões de homens e mulheres. Desse total, 71% são negros e negras, ou 6,4 milhões. A análise foi feita com base em dados da da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mostra ainda que ao final de 2021, quando há uma volta ao mercado de trabalho, esta não se dá na mesma proporção entre brancos e negros, cuja parcela expressiva não retornou: 1,1 milhão de negras e 1,5 milhão de negros. “Pode-se dizer que, no 2º trimestre de 2021, enquanto a força de trabalho não negra já equivalia a 92% do total registrado antes da pandemia (primeiro trimestre de 2020), entre os negros, esse percentual foi de quase 59% (…).”

Consequentemente, segundo reportagem publicada pelo Brasil de Fato, “nos dois primeiros anos deste governo, a fome aumentou 27,6% no Brasil”. Conforme o Inquérito Nacional sobre Segurança Alimentar no contexto da pandemia de Covid-19, realizado em dezembro de 2020 pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, mais da metade da população enfrenta insegurança alimentar. São 116,8 milhões sem acesso pleno e permanente a alimentos. Para 19,1 milhões destes – 9% dos brasileiros – a situação é grave: estão passando fome. E 10,7% dos que estão sem ter o que comer são pretos e pardos.

Os palestinos e palestinos, submetidos há mais de 73 anos à contínua Nakba – catástrofe com a formação do Estado racista de Israel mediante limpeza étnica planejada –, conhecem essa realidade profundamente. Enfrentam, em função do apartheid institucionalizado, demolição e expulsão de suas casas, prisões políticas, destruição de suas plantações, checkpoints e todo um aparato da segregação, mas também fome, desemprego, pobreza e falta de vacinas em meio à pandemia. Enfim, toda sorte de violência e violação de direitos humanos fundamentais. A morte segue à espreita em meio à colonização que visa apagá-los efetivamente do mapa. Para os palestinos e palestinas, resistir é existir.

Na Palestina sob ocupação, conforme a Organização das Nações Unidas (ONU), metade da população tem dieta nutricional comprometida e 32,7% enfrentam o agravamento da insegurança alimentar em meio à pandemia. Em Gaza, cuja situação dos 2 milhões de habitantes é ainda mais dramática em função do cerco israelense desumano há 14 anos e bombardeios frequentes, são 68,5%. Metade das crianças vive quadro de desnutrição crônica. Mais de um milhão depende de ajuda humanitária para se alimentar.

Esse é o regime que Bolsonaro saúda. Coerente com governo racista e genocida, cuja existência é uma ameaça às liberdades democráticas. Contra ele, manifestantes no Brasil mandam o recado por ocasião do Dia da Consciência Negra: não voltarão à senzala, nem aos porões da ditadura.

A bandeira palestina ganha ainda mais relevância em um 20 de novembro que neste ano traz, como parte da luta contra o racismo, o mote “Fora Bolsonaro”. Neste Dia da Consciência Negra, às ruas. Rumo a uma Intifada (levante popular) “palestinegra”

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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