Rafael Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), afirmou nesta quarta-feira (24) que o órgão de monitoramento das Nações Unidas não conseguiu firmar um acordo com o Irã, nas recentes negociações sobre o programa nuclear do país.
As informações são da agência Anadolu.
Em coletiva de imprensa na sede da agência, em Viena, logo após a reunião quinzenal de seu conselho, Grossi descreveu as negociações em Teerã como “inconclusivas”.
Grossi observou que, apesar das tentativas de tratar das restrições impostas a inspeções no Irã, outros problemas prevalecem, sobretudo a presença de materiais atômicos não-declarados em certas instalações e o tratamento conferido às equipes da AIEA no país.
O Irã suspendeu seu cumprimento dos termos do acordo nuclear — conhecido oficialmente como Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA) — após o então Presidente dos Estados Unidos Donald Trump revogá-lo unilateralmente e restituir sanções econômicas, em 2018.
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Grossi confirmou que seus inspetores continuam a encontrar obstáculos para a manutenção e renovação dos equipamentos utilizados para verificar as instalações iranianas.
Ao expressar receios de um iminente blecaute de informações, Grossi exortou Teerã a tomar medidas urgentes em respeito às regulações internacionais e a aplicar protocolos de segurança, conforme suas obrigações legais, referentes ao acesso e imunidade dos inspetores.
Na terça-feira (23), Grossi visitou a capital iraniana para encontrar-se com oficiais de alto escalão, incluindo o Ministro de Relações Exteriores Hossein Amir-Abdollahian e o chefe da agência atômica nacional, Mohammad Eslami.
A disputa entre a república islâmica e o órgão de monitoramento da ONU escalou após um relatório da agência apontar aumento substancial nos estoques de urânio enriquecido.
Segundo o documento, Grossi manifestou também “profunda apreensão” sobre a presença de material atômico em três localidades desconhecidas da agência, até então.
Em resposta, o representante iraniano em Viena instou os estados-membros e oficiais da AIEA a evitar declarações que descreveu como “apressadas ou motivadas politicamente”.
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