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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Ecoar as vozes desde o Brasil para dizer aos palestinos que eles não estão sós

Manifestantes reunidos em frente ao Al Janiah para a carreata em solidariedade ao povo palestino nos 72 anos da Nakba, em São Paulo, 15 de maio 2021 [Amanda De Sordi/ Monitor do Oriente Médio]

Na próxima segunda-feira, 29 de novembro, todas as organizações que lutam por direitos humanos e justiça no Brasil são chamadas a se somarem a ato público unificado em frente ao espaço cultural e restaurante palestino Al Janiah (Rua Rui Barbosa, 269, Bela Vista, São Paulo/SP) às 18h para enviarem uma mensagem aos palestinos e palestinas: vocês não estão sós. Na sequência, o local sediará, a partir das 19h, o lançamento do livro “Sem caminhos para Gaza”, de autoria de Renatho Costa, Rodrigo D. E. Campos e Lucas Bonatto Diaz, publicado pela Editora Sundermann.

As duas iniciativas marcam o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, instituído pela ONU em 1977 – três décadas após a Assembleia Geral das Nações Unidas dar seu sinal verde à limpeza étnica sionista na Palestina, ao recomendar a partilha daquelas terras em um estado judeu (que ficaria com 56%) e um árabe (42%), com Jerusalém sob administração internacional, sem consulta aos habitantes nativos.

A seção, presidida pelo diplomata brasileiro Oswaldo Aranha, que deu seu voto favorável à divisão, se converteu em uma peça construída a partir de lobbies nos bastidores. Houve vários adiamentos de modo a se garantir que o resultado almejado pelo movimento político sionista fosse alcançado.

Em seu livro “História da Palestina moderna”, o israelense Ilan Pappé escreve que “foram necessárias pressões consideráveis de organizações de judeus americanos e da diplomacia americana, bem como um discurso forte do embaixador russo na ONU, para obter a maioria de dois terços da assembleia necessários para a aprovação da partição”. Ao final, a Resolução 181, relativa a essa recomendação, passou com 33 votos favoráveis, ante 13 contra e dez abstenções.

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Doze dias depois, as paramilícias sionistas começaram a colocar em prática a limpeza étnica planejada, que culminou na Nakba – a catástrofe com a formação do Estado de Israel no dia 15 de maio de 1948 em 78% do território histórico da Palestina. Em seis meses, 2/3 da população foram expulsos, totalizando cerca de 800 mil palestinos, e mais de 500 aldeias foram destruídas, criando a mais longa situação de refúgio da era contemporânea. Em 1967, o restante da Palestina foi ocupado militarmente por Israel – Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental –, somando mais 300 a 350 mil refugiados.

Setenta e quatro anos após a partilha, a Nakba continua. Os palestinos sob ocupação enfrentam expansão colonial agressiva e um regime institucionalizado de apartheid, além de leis racistas nas áreas de 1948. Gaza está submetida há 14 anos a um cerco desumano e bombardeios massivos frequentes que culminaram em crise humanitária dramática. Há cerca de 5 mil presos políticos palestinos, inclusive mulheres e crianças.

Dos 13 milhões de palestinos no mundo, mais da metade encontra-se na diáspora, sendo 5 milhões em campos de refugiados nos países árabes, vivendo em situação de vulnerabilidade, à espera do retorno. Os palestinos seguem a se enfrentar com a ameaça de apagamento do mapa.

Sua história é marcada por traições, separações, expulsão, violência, sangue derramado e dor. Nas mãos de inimigos poderosos – o imperialismo/sionismo, os regimes e elites árabes, como identificou o revolucionário palestino Ghasan Kanafani (1936-1972) –, além da terra usurpada, veem-se privados do amanhã. Por outro lado, sua história é marcada também por uma resistência heroica e histórica, que não se dobra.

Missão a cumprir

A cada viajante que chega às terras ocupadas é feito o mesmo pedido: “Contem ao mundo o que viram porque a comunidade internacional nos abandonou.” Neste dia 29 de novembro, os brasileiros e brasileiras têm uma missão a cumprir. Dizer a esse povo resiliente e resistente que não está só. Que a partir de São Paulo, assim como de outras cidades, organizações que lutam contra a opressão e exploração e se aliam a causas justas estão olhando por eles. Que ecoarão suas vozes em seu clamor por liberdade. Que não vão soltar suas mãos até o fim da colonização. Até que seus direitos humanos fundamentais, entre os quais ao retorno à suas terras, inegociável e inalienável, se cumpra.

A solidariedade efetiva, ademais, nesse caso, não é um apoio distante, alheio à realidade dos oprimidos e explorados no Brasil. O País, cuja cumplicidade com a ocupação vem desde a partilha da Palestina, se tornou nos últimos anos o quinto maior importador de tecnologia militar israelense. Os governos estaduais seguem a mesma toada: têm municiado suas polícias com armas testadas pelo Estado sionista nos corpos palestinos cotidianamente, as quais são utilizadas no extermínio indígena e no genocídio pobre e negro aqui. Essa luta é também por essas vidas.

Que a próxima segunda-feira recoloque a questão palestina na pauta prioritária e permanente das organizações sociais, sindicais, populares e de defesa dos direitos humanos, retomando a consciência de seu simbolismo para que todos e todas finalmente sejam livres. No dia 29, às ruas.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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Palestina: quatro mil anos de história
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