O Egito lançou uma investigação contra o jornalista e apresentador de televisão Ibrahim Issa, após ele afirmar à sua audiência, durante um programa na sexta-feira (18), que a jornada do Profeta Mohammed de Meca a Jerusalém é “uma história absolutamente delirante”.
Issa argumentou que alguns acadêmicos contestam a ascensão do Profeta e que os clérigos muçulmanos que ignoram tais estudos possuem “tendências salafitas”.
O órgão público do Egito para assuntos religiosos, conhecido como Dar al-Ifta, insistiu no sábado (19) que a jornada “definitivamente aconteceu e não pode ser negada de modo algum”.
Diante da controvérsia, o ator egípcio Mostapha Darwish anunciou sua demissão do filme The Atheist, escrito por Ibrahim Issa.
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Nos últimos anos, houve um aumento nos casos de “blasfêmia” levados aos tribunais egípcios. Grupos de direitos humanos apontam para uma cultura de intolerância.
Em 2020, o Ministério da Educação suspendeu um professor universitário após um vídeo ser compartilhado online no qual ele supostamente insultava o Alcorão. O professor foi também acusado pelos estudantes de “desprezo à fé islâmica”.
Em 2015, quatro adolescentes foram condenados a cinco anos de prisão após serem acusados de ofender o Islã. Seu professor foi sentenciado a sete anos de prisão. No entanto, o vídeo que viralizou online tinha como intenção satirizar o grupo terrorista Estado Islâmico (Daesh).
Em 2017, a professora Mona Prince foi acusada de “glorificar Satã” e “propagar ideias destrutivas” por ensinar o clássico Paraíso Perdido, de John Milton, na Universidade de Suez.