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Prisioneiro de Guantánamo volta à Argélia após quase 20 anos

Protesto contra a prisão de Guantánamo em frente ao Capitólio, em Washington DC, capital dos Estados Unidos, em 9 de janeiro de 2020 [Brendan Smialowski/AFP via Getty Images]
Protesto contra a prisão de Guantánamo em frente ao Capitólio, em Washington DC, capital dos Estados Unidos, em 9 de janeiro de 2020 [Brendan Smialowski/AFP via Getty Images]

Os Estados Unidos permitiram a repatriação de um prisioneiro de Guantánamo à Argélia, após quase duas décadas de prisão extrajudicial, acusado de ser filiado ao grupo terrorista al-Qaeda.

O Departamento de Defesa confirmou neste sábado (2) que Sufiyan Barhoumi retornou para a casa, dado que sua detenção em Guantánamo “não é mais necessária”. Segundo a declaração, o governo argelino prometeu tratá-lo de maneira humana e impor esforços de segurança para reduzir a possibilidade de ameaças futuras.

O Pentágono, todavia, não concedeu detalhes sobre tais medidas de segurança.

Barhoumi foi apreendido em 2002, junto de um membro sênior da al-Qaeda, em um abrigo no Paquistão, durante a chamada guerra ao terror conduzida por Washington, incluindo a invasão ao Afeganistão. Naquele mesmo ano, foi transferido à Baía de Guantánamo, em Cuba.

Os Estados Unidos tentaram indiciá-lo em 2008, mas não conseguiram fazê-lo sob impasses legais provenientes da versão preliminar do sistema de comissão militar estabelecido sob a presidência de George W.  Bush.

Eventualmente, a justiça americana determinou o envolvimento de Barhoumi com “grupos extremistas”, embora tenha abandonado as alegações de filiação a al-Qaeda ou Talibã. Um conselho incumbido de avaliar o caso aprovou sua soltura em 2016.

Entretanto, no final do mandato de Barack Obama, em janeiro de 2017, um juiz federal recusou-se a interferir na decisão do Pentágono de não repatriar o prisioneiro argelino.

Em nota posterior à libertação de Barhoumi, seu advogado Shayana Kadidal, representante do Centro por Direitos Constitucionais, declarou: “O governo dos Estados Unidos deve a Sufyian e sua mãe anos e anos de vida”.

“Estou felicíssimo que ele poderá voltar para a casa junto à sua família, mas sentirei saudades de seu constante bom humor e sua solidariedade para com os outros que também sofrem no ambiente profundamente deprimente de Guantánamo”, reafirmou o advogado.

Barhoumi é o terceiro detento de Guantánamo a ser repatriado sob a gestão do presidente Joe Biden. Há hoje 37 prisioneiros no centro carcerário, incluindo 18 cuja transferência foi deferida.

Em seu ápice, Guantánamo abrigou quase 800 presos. Desde o governo Obama, promessas para fechar as portas da infame penitenciária são continuamente procrastinadas.

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