Os Estados Unidos permitiram a repatriação de um prisioneiro de Guantánamo à Argélia, após quase duas décadas de prisão extrajudicial, acusado de ser filiado ao grupo terrorista al-Qaeda.
O Departamento de Defesa confirmou neste sábado (2) que Sufiyan Barhoumi retornou para a casa, dado que sua detenção em Guantánamo “não é mais necessária”. Segundo a declaração, o governo argelino prometeu tratá-lo de maneira humana e impor esforços de segurança para reduzir a possibilidade de ameaças futuras.
O Pentágono, todavia, não concedeu detalhes sobre tais medidas de segurança.
Barhoumi foi apreendido em 2002, junto de um membro sênior da al-Qaeda, em um abrigo no Paquistão, durante a chamada guerra ao terror conduzida por Washington, incluindo a invasão ao Afeganistão. Naquele mesmo ano, foi transferido à Baía de Guantánamo, em Cuba.
Os Estados Unidos tentaram indiciá-lo em 2008, mas não conseguiram fazê-lo sob impasses legais provenientes da versão preliminar do sistema de comissão militar estabelecido sob a presidência de George W. Bush.
Eventualmente, a justiça americana determinou o envolvimento de Barhoumi com “grupos extremistas”, embora tenha abandonado as alegações de filiação a al-Qaeda ou Talibã. Um conselho incumbido de avaliar o caso aprovou sua soltura em 2016.
Entretanto, no final do mandato de Barack Obama, em janeiro de 2017, um juiz federal recusou-se a interferir na decisão do Pentágono de não repatriar o prisioneiro argelino.
Em nota posterior à libertação de Barhoumi, seu advogado Shayana Kadidal, representante do Centro por Direitos Constitucionais, declarou: “O governo dos Estados Unidos deve a Sufyian e sua mãe anos e anos de vida”.
“Estou felicíssimo que ele poderá voltar para a casa junto à sua família, mas sentirei saudades de seu constante bom humor e sua solidariedade para com os outros que também sofrem no ambiente profundamente deprimente de Guantánamo”, reafirmou o advogado.
Barhoumi é o terceiro detento de Guantánamo a ser repatriado sob a gestão do presidente Joe Biden. Há hoje 37 prisioneiros no centro carcerário, incluindo 18 cuja transferência foi deferida.
Em seu ápice, Guantánamo abrigou quase 800 presos. Desde o governo Obama, promessas para fechar as portas da infame penitenciária são continuamente procrastinadas.
LEIA: Marrocos convida dirigentes universitários para participar de painel de discussão em Israel