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A Declaração de Balfour

O povo palestino ainda hoje sofre com o flagelo da promessa britânica e ainda busca se libertar da colonização e recuperar seus direitos roubados.

Antes mesmo da Primeira Guerra Mundial acabar, os dois principais aliados – França e Grã-Bretanha –  assinaram, em 1916, o acordo secreto conhecido como Sykes-Picot. Antecipando a própria vitória, os aliados prepararam um novo mapa, dividindo entre si as áreas que estavam sob domínio do Império Otomano. Com o tratado, o sul da Turquia, a Síria, o Líbano e Mosul no Iraque ficariam sob o mandato francês. O restante dos territórios iraquianos, os estados do norte do Golfo e a Jordânia, além da metade dos territórios palestinos, estariam sujeitos à Grã-Bretanha.

Os territórios palestinos foram o foco de uma disputa entre os britânicos, os franceses e os russos. Seu status religioso e sua localização geográfica próxima ao Canal de Suez dificultaram o acordo sobre a divisão do poder. Todos concordaram em colocar parte dos territórios palestinos sob administração internacional, que na verdade era sob o domínio colonial anglo-francês,  e uma parte ficaria sob o Mandato britânico.

Em 2 de novembro de 1917, uma carta foi enviada por Arthur James Balfour, o então Ministro das Relações Exteriores britânico, ao Lord judeu Lionel Walter de Rothschild, indicando o apoio do governo britânico ao estabelecimento de um “lar nacional para os judeus” na Palestina. A carta dizia:

“O governo de Sua Majestade vê com bons olhos o estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo judeu, e se esforçará ao máximo para facilitar a realização deste objetivo, ficando claramente entendido que nada deve ser feito que possa prejudicar os direitos civis e religiosos das comunidades não judaicas existentes na Palestina, ou os direitos e o status político desfrutados pelos judeus em qualquer outro país”.

O movimento sionista interpretou o documento como uma promessa de apoio ao estabelecimento de um Estado judaico na Palestina, como planejado pelo autor Theodor Herzl no livro O Estado Judeu. Em que ele afirma que os judeus são um povo, não apenas uma comunidade religiosa, e que as perseguições sofridas por eles seriam evitadas, e eles seriam livres, com o estabelecimento de um Estado judeu.

Entretanto, a promessa de Balfour foi feita por uma potência europeia, oferecendo um território que ainda não estava sob seu controle para um povo estrangeiro, desconsiderando a vontade, a presença e os direitos da maioria nativa da região.

Na época da declaração o número de judeus na Palestina era em torno de cinco por cento da população original, e apenas cerca de cinquenta mil, dos doze milhões de judeus espalhados pelos países do mundo. Enquanto a população árabe-palestina, naquela época, era de seiscentos e cinquenta mil cidadãos.

Apenas no dia 24 de julho de 1922, um mandato da Liga das Nações transferiu ao Reino Unido a responsabilidade oficial sobre o território palestino.

A Grã-Bretanha lançou medidas práticas para a criação de um estado para os judeus, estabelecendo a Legião Judaica, fornecendo armas, equipamentos e treinando seus membros para lutar. Também ajudou no confisco de terras, criação de leis, construção de instituições coloniais e na prisão da oposição palestina. Além disso, houve um aumento no número de imigrantes judeus, vindos de países europeus, para a Palestina. Entre 1919 e 1923, o número de imigrantes lá chegou a cerca de trinta e cinco mil imigrantes judeus, uma média de oito mil imigrantes por ano, a maioria dos quais vindos da Rússia, Romênia e Polônia, além de pequenos números que vieram da Alemanha e América.

Em 1937, a Grã-Bretanha formou um comitê chamado Comissão Real para a Palestina, ou a Comissão Peel, que propôs a divisão da Palestina em um estado judeu, que ficaria em uma parte das terras em que a população árabe era maioria, e um estado árabe que seria anexado à Jordânia. A proposta foi rejeitada pelos árabes e pelo congresso sionista.

A Grã-Bretanha se retirou da Palestina em 14 de maio de 1948, e David Ben-Gurion anunciou no mesmo dia o estabelecimento do Estado de Israel e o retorno do povo judeu ao que ele chamou de sua terra histórica. Nem o povo palestino nem o povo árabe aceitaram este estabelecimento, considerando como uma transferência de terra de um ocupante para outro. Desde então, a região não teve estabilidade, pois Israel continuou expandindo sua colonização, ocupando as terras palestinas e  vizinhas, como Síria, Egito, Líbano e Jordânia.  O povo palestino ainda hoje sofre com o flagelo da promessa britânica e ainda busca se libertar da colonização e recuperar seus direitos roubados.

Arquivos do Oriente Médio: A Grande Revolta Palestina (1936-1939)

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