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Egito mergulha no abismo da dívida externa sob regime de Sisi

Presidente do Egito Abdel Fattah el-Sisi em Bruxelas, Bélgica, 16 de fevereiro de 2022 [Conselho Europeu/Agência Anadolu]

O Egito deve somar em breve a maior dívida externa entre os mercados emergentes, estimada em US$73 bilhões no decorrer do presente ano fiscal, advertiu a agência de crédito S&P Global Ratings. Empréstimos tomados entre 2021 e 2022 devem exceder em US$10 bilhões os valores do ano anterior.

A confirmação do débito egípcio coincide com a crise socioeconômica que assola o país. Para tentar atenuá-la, o governo militar de Abdel Fattah el-Sisi desvalorizou a libra local perante o dólar e aumentou as taxas de juros impostas sobre a população.

As medidas de austeridade, no entanto, não surtiram o resultado esperado e Sisi decidiu solicitar novos empréstimos para cobrir suas demandas.

O impacto da pandemia, a invasão russa na Ucrânia e o alto déficit fiscal também avultaram a carência egípcia por recursos fiscais. É provável, portanto, que o Egito supere a Turquia como maior devedor no mercado regional.

No entanto, os empréstimos tomados pelo Egito não serão direcionados a projetos de caráter produtivo, que poderiam ajudar o estado a deixar para trás seu ciclo vicioso de dívida externa. Ao contrário, os novos empréstimos servem para quitar dívidas anteriores, cuja escala denota maior vulnerabilidade do país sob o aumento global das taxas de juros.

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A dívida pública do Egito sofreu aumento substancial nos anos recentes. Os débitos domésticos e estrangeiros somaram 5.66 trilhões de libras egípcias no ano fiscal de 2020-2021, equivalente a US$362 bilhões ou 90.6% do produto interno bruto (PIB) do país, calculado em 6.4 trilhões de libras locais.

O maior temor entre os especialistas é um aumento ainda maior da dívida externa, sobretudo considerando as reservas limitadas do Egito em moeda estrangeira. As taxas de débito a entes externos foram expandidas consideravelmente sob Sisi, de US$46 bilhões em junho de 2014 a US$137.9 bilhões em junho de 2021. Com efeito, a dívida externa foi estimada em 35% do PIB em 2020, comparada a 15% na década anterior.

O Cairo pede agora socorro de aliados e instituições financeiras. Em resposta, a Arábia Saudita emprestou US$5 bilhões ao estado egípcio. Além disso, Sisi negocia novos empréstimos com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Até o fim de 2022, cada cidadão terá uma parcela da dívida de mais de 71 mil libras egípcias (US$3.900). Segundo dados oficiais, a média anual de renda no país não excede 20 mil libras.

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