O fenômeno global da islamofobia inspirou o atentado a tiros executado neste sábado (14) em Buffalo, no estado de Nova York, Estados Unidos, de acordo com o manifesto do atirador.
Em um dos massacres de cunho racista mais mortais da história recente, Payton S. Gendron, de 18 anos, executou a tiros dez cidadãos negros em um supermercado local. Três pessoas ficaram feridas. Gendron dirigiu mais de 300 km para conduzir o ataque.
Gendron é adepto da ideologia supremacista conhecida como “teoria da substituição”. Seu atentado parece copiar o massacre contra a comunidade islâmica de Christchurch, na Nova Zelândia, em 2019, na qual o atirador também transmitiu ao vivo seus assassinatos.
Na ocasião, o australiano Brenton Tarrant executou 51 pessoas em duas mesquitas e tinha planos de atacar uma terceira localidade.
Tarrant também foi radicalizado à islamofobia pela “teoria da substituição”, tese conspiratória de extrema-direita que alega que a população branca “nativa” dos países ocidentais é pouco a pouco substituída por imigrantes não-europeus, sobretudo negros e muçulmanos.
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Múltiplas interpretações dessa teoria racista são utilizadas por grupos contrários à imigração e supremacistas brancos. Grupos radicalizados por essa ideologia creem que a presença islâmica nos países ocidentais tem como intuito destruir sua civilização e que sua participação na arena política representa uma ameaça concreta.
Entusiastas da “grande substituição” insistem que a civilização islâmica busca “substituir etnicamente” outras raças e que tal fenômeno tem de ser impedido por todos os meios necessários, incluindo a violência.
Apesar de alimentarem pontos de vista profundamente antissemitas, os adeptos consideram Israel como modelo de país em seu combate à “ameaça islâmica”.
O manifesto do atirador de Buffalo está repleto de alegações racistas e anti-imigração. Gendron admitiu ser inspirado por atos de violência de cunho supremacista e reiterou conexão particular com Tarrant, ao identificá-lo como “aquele que mais me radicalizou”.
Gendron assistiu o vídeo ao vivo do atirador de Christchurch e leu seu manifesto.
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