Segundo informações, o governo de Joe Biden em Washington está mediando nos bastidores negociações entre Arábia Saudita, Israel e Egito que, caso produtivas, podem abrir caminho à normalização entre a monarquia islâmica e o estado sionista.
As conversas referem-se à transferência de duas ilhas estratégicas no estreito de Tiran do Egito à Arábia Saudita, em 2017. Apesar de protestos públicos, o parlamento egípcio aceitou abdicar das ilhas de Tiran e Sanafir, que separam o Golfo de Aqaba do Mar Vermelho.
Opositores do controverso acordo acusam o presidente e general Abdel Fattah el-Sisi de ceder soberania de território nacional à monarquia rica em petróleo, em troca de bilhões de dólares supostamente investidos na península do Sinai.
Além disso, a coroa em Riad conferiu apoio efetivo à ascensão de Sisi ao poder, mediante golpe de estado em 2013, ao destituir o presidente eleito Mohamed Morsi.
Não obstante, o Cairo depende do aval de Tel Aviv para completar a transferência aos sauditas, pois ambos os territórios estão incluídos no acordo de paz de 1979, que normalizou laços entre a república norte-africana e a ocupação israelense.
Para prosseguir com o acordo, Israel demanda continuidade da patrulha internacional sobre as ilhas em questão, assim como liberdade de navegação no estreito de Tiran.
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O arranjo permanece sob impasse. Na última rodada de negociações, Tel Aviv objetou o apelo de Riad para encerrar a presença de observadores externos, a despeito de promessas sauditas para manter ambas as ilhas desmilitarizadas.
Segundo a agência de notícias Axios, representantes israelenses aceitaram ponderar sobre a eventual remoção da fiscalização estrangeira, desde que medidas alternativas de segurança sejam implementadas para alcançar os mesmos resultados.
A proposta, no entanto, abre caminho para uma maior cooperação entre os regimes, incluindo autorização para que aeronaves israelenses utilizem o espaço aéreo saudita, o que pode encurtar dramaticamente rotas de viagem em direção a Índia, Tailândia, China e outros.
O estado sionista também quer que a monarquia permita voos diretos entre Tel Aviv e Jeddah aos cidadãos árabe-israelenses que desejam peregrinar a Meca e Medina.
A administração de Joe Biden crê que concluir o pacto pode construir confiança entre as partes e aproximá-las, afirmaram fontes israelo-americanas à rede Axios. Alguns oficiais apontam para a possibilidade de normalização caso o acordo seja bem-sucedido.
A monarquia contrapôs Marrocos, Bahrein e Emirados Árabes Unidos ao recusar-se a assinar os chamados Acordos de Abraão, em meados de 2020. Na ocasião, autoridades sauditas voltaram a condicionar sua normalização ao fim da ocupação na Palestina.
Entretanto, em um novo indício de que a normalização é possível, rabinos sionistas dos Estados Unidos, França e Itália foram convidados a uma conferência inter-religiosa em Riad, organizada pela Liga Islâmica Mundial.
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